O cardeal Dom Eugênio Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro e um dos nomes mais proeminentes da Igreja Católica no Brasil, morreu na noite desta segunda-feira, na capital carioca. Ele tinha 91 anos.
Da mesma forma, denunciou a tortura de presos comuns e se recusou a receber honrarias dos generais no poder, apesar de carregar durante anos a pecha de aliado do regime militar devido à sua posição conservadora na Igreja. Em uma entrevista à VEJA Rio, por ocasião de sua aposentadoria como arcebispo da cidade, Dom Eugênio comentou a maneira com que, sem afrontar o regime, conseguiu proteger milhares de pessoas perseguidas por ele.
Pomba - símbolo da Paz - pousa sobre seu caixão |
"É difícil dizer do que mais me orgulho nesses trinta anos, mas talvez tenha sido a atitude que tomei durante o período militar, a de não provocar para poder salvar".
A Arquidiocese do Rio emitiu nota oficial na qual destaca a fé do religioso e sua abnegação no cumprimento da função sacerdotal: "Dom Eugenio de Araujo Sales, o mais antigo Cardeal da Igreja Católica, era Cardeal Presbítero da Santa Igreja Romana, do Título de São Gregório VII. Seu lema, fundamentado na Carta de São Paulo aos Coríntios, foi: 'Impendam et Superimpendar' ('De muito boa vontade darei o que é meu, e me darei a mim mesmo pelas vossas almas, ainda que, amando-vos mais, seja menos amado por vós')". [1]
Bento XVI sobre Dom Eugênio:
"Intrépido pastor, a serviço dos mais desfavorecidos"
Castel Gandolgo (RV) – O Papa Bento XVI expressou pesar pela morte do Cardeal Eugênio de Araújo Sales, que faleceu na noite de segunda-feira, 9, no Rio de Janeiro.
Leia a íntegra do telegrama enviado ao Arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta:
Exmo Revmo Dom Orani João Tempesta
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro
Recebida a triste notícia do falecimento do venerado Cardeal Eugênio de Araújo Sales, depois de uma longa vida de dedicação à Igreja no Brasil, venho exprimir meus pêsames a si e aos bispos auxiliares, ao clero e comunidades religiosas, e aos fiéis da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, que por três décadas teve nele um intrépido pastor, revelando-se autêntica testemunha do evangelho no meio do seu povo. Dou graças ao Senhor por ter dado à Igreja tão generoso pastor que, nos seus quase setenta anos de sacerdócio e cinquenta e oito de episcopado, procurou apontar a todos a senda da verdade na caridade e do serviço à comunidade, em permanente atenção pelos mais desfavorecidos, na fidelidade ao seu lema episcopal: “impendam et superimpendar” (gastarei e gastar-me-ei por inteiro por vós). Enquanto elevo fervorosas preces para que Deus acolha na sua felicidade eterna este seu servo bom e fiel, envio a essa comunidade arquidiocesana, que lamenta perda dessa admirada figura, à Igreja no Brasil, que nele sempre teve um seguro ponto de referência e de fidelidade à Sé Apostólica, e a quantos tomam parte nos sufrágios animados pela esperança da ressurreição, uma confortadora bênção apostólica. [2]
Benedictus PP. XVI
Fonte: http://veja.abril.com.br/ [1]
http://www.radiovaticana.org/ [2]
"O egoísmo dominante nos indivíduos e países impede uma justa distribuição dos recursos naturais. Cada um pensa em si e em sua nação, sem atender ao bem comum. Aqui se coloca o empobrecimento do Terceiro Mundo, em benefício dos mais ricos. E, no Brasil, a concentração de riquezas é crescente. Busca-se, em vez de justiça social, a diminuição dos que deveriam igualmente participar desses dons que Deus criou para todos os seus filhos".
(Dom Eugênio de Araújo Sales - Jornal do Brasil, 13/08/1994).
"O egoísmo dominante nos indivíduos e países impede uma justa distribuição dos recursos naturais. Cada um pensa em si e em sua nação, sem atender ao bem comum. Aqui se coloca o empobrecimento do Terceiro Mundo, em benefício dos mais ricos. E, no Brasil, a concentração de riquezas é crescente. Busca-se, em vez de justiça social, a diminuição dos que deveriam igualmente participar desses dons que Deus criou para todos os seus filhos".
(Dom Eugênio de Araújo Sales - Jornal do Brasil, 13/08/1994).
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