Domingo de Pentecostes
Evangelho Segundo João 20,19-23
Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: "A paz esteja convosco!"
20 Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor.
21 Disse-lhes outra vez: "A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós".
22 Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: "Recebei o Espírito Santo.
23 Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos".
Reflexão: Espírito Santo
O Evangelho de hoje narra o primeiro encontro de Cristo ressuscitado com os seus discípulos. João nos diz que foi justamente neste primeiro encontro que Jesus comunicou o seu Espírito aos apóstolos, mediante o gesto de soprar sobre eles.
No povo de Israel estava muito difundida a ideia de que os homens praticavam o mal porque estavam possuídos por algum espírito mau. A convicção era de que só Deus poderia extirpar do homem este espírito ruim e infundir-lhe um espírito bom.
Cada um de nós passa por esta experiência do espírito mau dentro de si. Na carta aos Romanos, Paulo apresenta uma descrição dramática desta triste situação do homem (Rm 7,15-19).
E quando estaremos plenamente animados pelo Espírito de Deus que nos impele a amar o irmão, a perdoar, à prática do bem, à colaboração? Segundo o que nos ensinam inúmeros textos do novo testamento, nós acreditamos que esta transformação interior é operada pelo batismo. Entretanto, ao examinar-mos nossa vida, provavelmente temos ódios, que nos deixamos dominar pelo mal... mais ou menos como antes do batismo. E então?
O Espírito não age deste modo. Ele se desenvolve como uma pequena semente plantada no coração do homem: cresce lentamente, sem estardalhaço, mas produz frutos abundantes.
O que destrói o pecado numa pessoa é a presença do Espírito. Quem recebeu este dom não deve, porém, guardá-lo para si, deve comunicá-lo aos outros. Onde este Espírito entra, o pecado é destruído.
Mas tem a Igreja também o poder de não perdoar os pecados? Não! A Igreja recebeu um único poder: o de aniquilar os pecados. O sentido da segunda parte da frase é o seguinte: a Igreja deve criar as condições para que o Espírito entre no coração de todos os homens. É evidente que, em quem não chega este Espírito, o pecado continua existindo.
As palavras de Jesus são, pois, um apelo à responsabilidade de todos os cristãos. Todos os discípulos de Cristo devem estar conscientes de que os pecados não serão apagados se eles não se comprometerem a criar as condições, a fim de que todas as pessoas abram o próprio coração à ação do Espírito. [1]
Oração
Senhor, enviando vosso Espírito, transformastes os vossos discípulos, e hoje ainda vivemos de seu testemunho.
Em cada um deles, de modo diferente manifestou-se o mesmo poder que vem da Trindade.
Vós os enviastes e empurrastes pelo mundo afora. Hoje ainda nos enviais, Senhor, ainda que talvez não sejamos tão corajosos como eles.
Quero cumprir a tarefa que me confiais. Peço apenas que envieis sobre mim vosso Espírito, que me renove e transforme.
Queimai em mim todo sentimento de orgulho e de falsa confiança, dai-me o amor que esperais de mim.
Ponde em meus lábios as palavras que quereis dizer, guiai minhas mãos no cuidado das feridas que quereis curar, levai-me pelos caminhos que quereis trilhar. Isso me basta. Amém. [2]
Fonte: Revista Brasil Cristão maio/2013 [1] - Revista de Aparecida maio/2013 [2]
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