“Tanto Asia Bibi como sua família mantêm a fé e a esperança de que se aproxima o fim do seu calvário na prisão”, declaram da MasLibres.org, plataforma pela defesa da liberdade religiosa, e também garantem estar “convencidos igualmente de que será liberada”.
A publicação da data da audiência constitui uma ocasião única para Bibi, pois os atrasos em seu julgamento foram constantes. De fato, o Alto Tribunal do Paquistão adiou em sete ocasiões seu julgamento, até que em outubro de 2014 ratificou a sentença à morte emitida no começo pelo tribunal local.
A Suprema Corte do Paquistão aceitou seu pedido de revisão do caso em julho de 2015 e esta audiência será realizada no próximo dia 13 de outubro de 2016.
Asia Bibi está condenada por ter tomado a água de um poço para o consumo de muçulmanos em 2009 e também por supostamente ter queimado um Corão. Para o Islã, os cristãos são impuros, por isso ao ter tomado a água deste poço, este ficou poluído e impuro também.
Os advogados da jovem cristã se mostraram otimistas pois consideram que “requer provar a ofensa e neste caso isto não será possível”.
De fato, em uma entrevista publicada no Vatican Insider, Khalil Thahir Sindhu, ministro dos direitos humanos e as minorias do governo da província de Punjab (Paquistão), assegurou que estudou profundamente o caso de Asia Bibi como advogado e encontrou “elementos a favor de Asia”, por isso prevê que ela “será absolvida”.
O Paquistão tem uma população de 180 milhões de habitantes, a grande maioria muçulmanos. Somente 4 milhões são cristãos.
A lei de blasfêmia
A lei de blasfêmia foi introduzida em 1986 pelo ditador Mohammad Zia-ul-Haq sem aprovação parlamentar. A norma agrupa várias outras contidas no Código Penal inspiradas diretamente na Sharia –lei religiosa muçulmana – para sancionar qualquer ofensa de palavra ou obra contra Alá, Maomé ou o Corão.
A ofensa pode ser denunciada por um muçulmano sem necessidade de testemunhas ou provas e o castigo supõe o julgamento imediato e a posterior condenação à prisão ou à morte do acusado.
Segundo dados da Comissão Justiça e Paz dos Bispos do Paquistão, 200 cristãos, 633 muçulmanos, 494 muçulmanos da seita dos ahmadis e 21 hindus foram denunciados por blasfêmia de 1987 a 2013.
Em 2014, as denúncias registradas foram 1.400, enquanto nos últimos 30 anos, 70 acusados de blasfêmia foram executados extrajudicialmente, segundo a agência vaticana Fides.
Um dos casos mais emblemáticos na aplicação desta lei é o da mãe e esposa católica Asia Bibi, que está na prisão há quase 6 anos, por uma falsa acusação de blasfêmia contra Maomé. Há alguns meses, a família de Asia Bibi saudou o Papa Francisco, o qual disse que reza por ela e pela sua libertação.
Ataques a cristãos no Paquistão
Em março deste ano, um grupo de terroristas muçulmanos atacou um parque, onde um grupo de cristãos celebrava a Páscoa na cidade de Lahore, deixando mais de 65 mortos e centenas de feridos.
Depois do atentado, milhares de muçulmanos fizeram uma violenta manifestação na qual exigiam a execução de Asia Bibi.
Na primeira semana deste ano, um grupo de muçulmanos sequestrou uma jovem cristã, outro queimou uma pilha de bíblias e livros litúrgicos em uma igreja; e na região de Punjab queimaram um templo protestante.
Em outubro do ano passado, uma cristã de 28 anos foi queimada viva por negar-se a casar com um muçulmano. A mulher não morreu, mas ficou com 80 por cento do corpo afetado.
Em abril de 2015, um grupo de extremistas islâmicos incendiou um adolescente por dizer “sou cristão”. O jovem morreu logo depois de perdoar os seus assassinos.
Poucos dias antes, em março, dois terroristas suicidas atentaram contra dois templos cristãos no bairro de Youhanabad, em Lahore, causando a morte de 14 pessoas e 80 ficaram feridas.
Naquela ocasião, o Papa Francisco afirmou que “nossos irmãos derramam sangue só porque são cristãos”.
Como estes, muitos outros incidentes ocorrem no Paquistão, onde os cristãos são constantemente perseguidos e assassinados por extremistas muçulmanos.
Fonte: ACI digital
Comentários
Postar um comentário