Na homilia, inspirando-se na liturgia do dia, o Papa Francisco pediu a graça da memória. No percurso do Advento, em que a vigilante espera se transforma mais intensa, a liturgia nos faz parar um pouco para ler a origem de Jesus. Fazer memória, olhar para trás para poder prosseguir melhor avante. “Este é o significado da liturgia de hoje: a graça da memória, pedir esta graça. Não esquecer. É próprio do amor não esquecer, ter sob os olhos o bem que recebemos. É próprio do amor olhar para a história: de onde viemos, os nossos pais, os nossos antepassados. O caminho da fé. E esta memória nos faz bem, porque torna mais intensa esta vigilante espera pelo Natal.”
Os pilares da memória cristã
Assim é o caminho para o cristão, explicou o Papa: “Nos fizeram uma promessa, uma promessa que será plena no final, mas se consolida com cada aliança que nós fazemos com o Senhor, aliança de fidelidade, e nos faz ver que não somos nós quem elegemos, nos faz entender que todos nós fomos eleitos. A eleição, a promessa e a aliança são como os pilares da memória cristã.”
Francisco prossegue dizendo que quando ouvimos este trecho do Evangelho, há uma história de grande graça, mas também de pecado. “No caminho, sempre encontramos graça e pecado. Na história de salvação, tem grandes pecadores na lista. E há santos. Nós na própria vida encontraremos o mesmo. Momentos de grande fidelidade ao Senhor, de alegria no serviço e alguns momentos ruins de infidelidade, de pecado, que nos faz sentir a necessidade de salvação. E esta é também a nossa segurança. Porque quando precisamos de salvação, confessamos a fé.”
O Senhor não desilude
Ao parar e olhar para trás, acrescentou o Papa, vemos que o caminho foi belo, que o Senhor não nos desiludiu, que o Senhor é fiel. Vemos também que seja na história, seja na nossa vida, houve momentos de fidelidade e momentos tristes de pecado. “Mas o Senhor, com a mão estendida para nos levantar, vai avante e esta é a vida cristã.”
“Que este caminho jamais nos tire a graça da memória, de olhar para trás e ver tudo aquilo que o Senhor fez por nós e pela Igreja”, pediu por fim o Pontífice. Assim entenderemos porque hoje a Igreja nos faz ler este trecho, que pode parecer “tedioso”, a história de um Deus que quis caminhar com o seu povo e fazer-se, no final, um de nós.
“Que o Senhor nos ajude a retomar esta graça da memória. ‘Mas é difícil, é tedioso, houve tantos problemas......’ Mas a história da Carta aos Hebreus tem uma frase belíssima para as nossas lamentações: fique tranquilo, você ainda não chegou a dar o sangue. Um pouco de humorismo também daquele autor inspirado para nos ajudar a ir avante. Que o Senhor nos dê esta graça.”
Velhice
No final, o Papa agradeceu a presença dos cardeais no dia de seu aniversário e fez uma reflexão sobre a velhice:
“Há alguns dias, me vem à cabeça uma palavra que parece feia: velhice. Assusta. Mas lembro do que disse a vocês em 15 de março, no nosso primeiro encontro. A velhice é sede de sabedoria, esperamos que também para mim seja assim. Também penso em como chegou tão depressa, e penso no poema de Plínio: passo silencioso, e a velhice chega de uma só vez. Mas se pensar como uma etapa da vida para ter alegria, sabedoria e esperança, alguém começa a viver. E penso em outro poema que disse a vocês naquele dia: a velhice é tranquila e religiosa. Rezem para que a minha seja assim: tranquila, religiosa e fecunda e também alegre. Obrigado.”
Fonte: Radio Vaticano
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