Um dia antes, em uma reunião a portas fechadas, o próprio Pontífice havia instado o frade a renunciar, segundo fontes da própria organização. No entanto, de acordo com o Vaticano, foi Festing quem decidiu deixar o cargo, que seria vitalício.
"Hoje, 25 de janeiro, o Santo Padre aceitou a demissão, exprimindo a Frei Festing o reconhecimento pelos sentimentos de lealdade e devoção em relação ao sucessor de Pedro", diz um comunicado da Santa Sé.
O comando da Ordem de Malta será assumido interinamente pelo grão-comendador Frei Ludwig Hoffmann von Rumerstein, até que um novo grão-mestre seja designado. A demissão põe fim a meses de uma disputa que era vista como um novo braço de ferro entre as alas liberal e conservadora da Igreja.
Em dezembro, Francisco, tido como reformista, nomeou uma comissão para apurar as circunstâncias da demissão do grão-chanceler Albrecht Freiherr Von Boeselager, que teria sido motivada pela decisão deste último de autorizar a participação dos Cavaleiros de Malta em programas de distribuição gratuita de preservativos contra a propagação do vírus HIV na África.
No entanto, a Ordem, cujo patrono é o cardeal conservador Raymond Burke, se recusou a cooperar com o inquérito, afirmando que a saída de Boeselager era um "caso interno". Contudo, especula-se que o ex-grão-chanceler era muito liberal para o gosto de Burke.
O cardeal norte-americano já fez duras críticas a Jorge Bergoglio e é um dos líderes conservadores que enviou uma carta contestando a exortação apostólica "Amoris laetitia", que defende uma maior abertura da Igreja aos divorciados. Burke é contra "modernizações" na doutrina católica, o que vai de encontro à postura reformista de Francisco.
Criada na época das Cruzadas, quando teve uma importante atuação militar, a Ordem de Malta é uma das principais organizações humanitárias da Igreja Católica e possui mais de 12 mil membros.
A renúncia de Festing será formalizada no próximo dia 28 de janeiro. (ANSA)
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Foto: Em foto de junho de 2016, Papa Francisco e Robert Matthew Festing se encontram em audiência privada - GABRIEL BOUYS / AFP
Fonte: Uol
Para Saber Mais:
A Ordem de Malta (oficialmente Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta, também conhecida por Ordem do Hospital, Ordem de S. João de Jerusalém, Ordem de S. João de Rodes, etc.), era uma ordem católica que começou como uma Ordem Beneditina fundada no século XI na Terra Santa, durante as Cruzadas, mas que rapidamente se tornaria numa Ordem militar cristã, numa congregação de regra própria, encarregada de assistir e proteger os peregrinos àquela terra e de exercer a Caridade.
Tinha como padroeiro São João Esmoler (550-619), patriarca de Alexandria.
Face às derrotas e consequente perda pelos cruzados dos territórios na Palestina, a Ordem passou a operar a partir da ilha de Rodes, onde era soberana, e mais tarde desde Malta, como estado vassalo do Reino da Sicília.
Atualmente, a Ordem de Malta é uma organização humanitária soberana internacional, reconhecida como entidade de direito internacional. A Ordem dirige hospitais e centros de reabilitação. Possui 12.500 membros, 80.000 voluntários permanentes e 20.000 profissionais da saúde associados, incluindo médicos, enfermeiros, auxiliares e paramédicos. Seu objetivo é auxiliar os idosos, os deficientes, os refugiados, as crianças, os sem-teto e aqueles com doença terminal e hanseníase, atuando em cinco continentes do mundo, sem distinção de raça ou religião.
Brasão de Armas dos Cavaleiros, na fachada da
igreja de San Giovannino dei Cavalieri, Florença.
Fonte: Wikipédia
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