Frutos espirituais positivos em Medjugorje, avalia Dom Henryk Hoser


Cidade do Vaticano (RV) 22/05/2017 - “Nomeou-se este Bispo – bom, bom porque tem experiência – para ver como anda a parte pastoral. E, no fim, qualquer palavra será dita”.

Ao ser interpelado pelos jornalistas no voo de retorno de Fátima sobre Medjugorje, o Papa Francisco assim referiu-se - de modo indireto - a Dom Henryk Hoser, por ele nomeado em fevereiro passado para “adquirir um conhecimento mais aprofundado da situação vivida naquela realidade, sobretudo das exigências dos fiéis que para lá vão em peregrinação, e com base nisto, sugerir eventuais iniciativas para o futuro”.

Arcebispo de Varsóvia-Praga, o religioso palotino, de 74 anos, foi no passado Secretário adjunto da Congregação para a Evangelização dos Povos. Após o período passado em Medjugorje, Dom Hoser já está de volta à Polônia – onde está à frente de uma Diocese com mais de 1 milhão de batizados. Mas sua missão ainda foi concluída.

“Estou escrevendo um relatório conclusivo – declarou por telefone ao jornal dos bispos italianos ‘Avvenire’ – que deverei entregar ao Papa pelo final de junho. E é provável que também terei um encontro com ele”.

Avaliação positiva

O Arcebispo polonês tem uma avaliação positiva sobre o que testemunhou durante seus encontros e observações no local que atrai milhares de peregrinos a cada ano:

“O trabalho pastoral que é desenvolvido ali é muito intenso, desenvolvido e diversificado. É baseado no culto mariano, mas é ao mesmo tempo cristocêntrico: Adoração Eucarística, Via Sacra, Terço. Certamente não vi nada de fantasioso ou algum desvio. Constatei um clima de recolhimento, de oração, de contemplação, enfim, de grande fervor espiritual”.

Confissões

Um dos aspectos que mais tocou o prelado foi “a quantidade de confissões, mas também a obra de formação das consciências nos encontros e seminários que são organizados. Os peregrinos não estão diminuindo”, ressaltou.

Sobre a atmosfera intereclesial, afirmou não ter percebido grandes contrastes entre a Paróquia de Medjugorje e os franciscanos por um lado e o clero diocesano e os outros religiosos por outro. “Diversos párocos das redondezas vão inclusive dar uma mão. Certo, o Bispo de Mostar, Ratko Peric, reitera a sua posição claramente contrária à veracidade das aparições e sublinha que, segundo ele, nada pode ser construído sobre o que é falso”.

Papa Francisco

Dom Hoser não ficou surpreso ao serem recordadas a ele as palavras do Papa Francisco de que Nossa Senhora não é “chefe de um departamento telegráfico” e sobre “presumíveis aparições” que “não têm tanto valor”.

“O Pontífice – disse o prelado – deu o seu ponto de vista pessoal sobre aquela que podemos chamar a segunda fase das aparições. Ora, vazou também para a imprensa o conteúdo do trabalho feito pela Comissão Teológica presidida pelo Cardeal Ruini, que expressou um parecer positivo sobre as primeiras sete aparições (as que ocorreram de 24 e 25 de junho a 1º de julho de 1981) e não sobre todo o fenômeno”.

Portanto, existe separação entre “um antes” e “um depois”, entre os acontecimentos iniciais ocorridos no arco de somente seis dias e aqueles sucessivos.

Aparições em Kibeho, Ruanda

Neste sentido, Dom Henryk Hoser recorda as aparições em Kibeho, Ruanda, que fazem parte do pequeno número daquelas que receberam uma aprovação oficial por parte da Igreja, no caso específico, pelo então bispo da Diocese de Gikongoro, Dom Augustin Misago, em 29 de junho de 2001, em acordo com a Congregação para a Doutrina da Fé.

Os fenômenos sobrenaturais tiveram início em uma escola administrada por religiosas, em 28 de novembro de 1981, sucedendo-se por longos anos, e envolviam seis meninas e um menino.

O trabalho de duas Comissões diocesanas, uma médica e uma teológica examinou e constatou um quadro complexo e confuso na sucessão dos acontecimentos.

Ao final, as visões foram reconhecidas somente para três das videntes: Alphonsine Mumureke, Anathalie Mukamazimpaka e Marie Claire Mukangang, consideradas o "núcleo original" e mais confiável.

Foram avaliadas como "críveis" as visões de Nossa Senhora, que se apresentava como "Mãe do Verbo", mas não aquelas em que teria aparecido Jesus. E o arco de tempo considerado foram somente os primeiros dois anos, até 1983, sendo os restantes desconsiderados. Dom Hoser conhece muito bem os acontecimentos de Kibeho. Como religioso foi missionário em Ruanda, a partir de 1975, onde trabalhou como médico (antes de entrar para os palotinos, formou-se em medicina), ocupando cargos nacionais e onde permaneceu até os anos 90. Em 1994, na ausência do Núncio Apostólico, foi também Visitador Apostólico do país africano.

Mensagem de paz

A solução para Medjugorje poderia, portanto, ser parecida com a de Kibeho? E em caso afirmativo, o que seria dos 36 anos de mensagens, dos dez segredos que a Virgem Maria teria revelado a uma das videntes e que constituem o aspecto central de Medjugorje? Dom Hoser responde que "os dez segredos ainda não são conhecidos", neste sentido, "não muda nada".

"Recordemos sempre - enfatizou - que o culto mariano está obrigatoriamente ligado às aparições, pode se desenvolver de maneira autônoma. O objeto de culto é a Virgem Maria".

Por fim, o Arcebispo polonês considera que, caso não for reconhecido tudo o que se seguiu às primeiras aparições, permanece no entanto "a mensagem de paz". (JE /'Avvenire')

Fonte: Radio Vaticano

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