O livro “Enquanto o sono não vem”, de José Mauro Brant, está incluído no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) e é destinado a alunos do primeiro ao terceiro ano, ou seja, crianças de 6 a 8 anos.
Na obra está o conto intitulado “A triste história de Eredegalda”, sobre a história de um rei que pede um de suas três filhas em casamento, sugerindo que a mãe se torne criada deles. A filha recusa o pedido e o pai a prende em uma torre, onde passa sede.
Na história, a filha ainda tenta pedir à mãe e às duas irmãs que lhe deem um pouco de água, mas elas se recusam devido à ameaça de morte do pai.
Ao final, a filha presa na torre acaba aceitando o pedido do pai de se casar. Ele, porém, resolve fazer uma competição com três cavaleiros, dizendo que o primeiro a chegar ao topo da torre com um jarro de água ganharia a mão de sua filha. Os três chegam juntos e encontram a menina morta.
Profissionais de educação no Espírito Santo reclamaram sobre o conteúdo do livro, ressaltando ser inadequado para os alunos. A professora Fernanda Appel declarou à Rádio CBN Vitória que o conto pode até afastar as crianças da leitura.
Segundo ela, “se na história existe isso”, a criança “pode achar que é uma coisa normal”. A professora reforça que no conto, a filha “tenta denunciar, mas não é atendida”. “Cadê o encantamento? A criança nessa fase está no conto de fadas”, assinalou.
Por sua vez, o titular da Delegacia de Proteção à Criação e ao Adolescente (DPCA), delegado Lorezo Pazolini, classificou como lamentável a distribuição desse livro nas escolas. Ao site ‘Tribuna Online’, indicou que, com isso, uma instituição pública está propagando “um relacionamento entre um pai e uma filha, principalmente em um momento de formação dos seres humanos”.
“E, em alguns casos mais graves – alertou o delegado –, vai revitimizar uma pessoa que passou por abusos”.
A prefeitura de Vitória (ES) informou que está recolhendo os livros para devolvê-los ao Ministério da Educação com um parecer técnico pedagógico explicando a devolução do material.
Em nota, afirmou que “Vitória foi apenas mais um município dentre os milhares de municípios brasileiros que recebeu os livros e nossa providência já foi tomada. Esse não é um problema exclusivo nosso, apenas fomos uma pequena parte afetada”.
Por sua vez, o Ministério da Educação declarou que “o processo de seleção e avaliação de livros do PNLD/PNAIC foi realizado e publicado em 2014, ainda na gestão anterior”.
“O processo foi realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais, com respectiva comissão de especialistas. A atual gestão do MEC está revendo todo o processo de seleção dos livros didáticos e paradidáticos, visando a melhoria da qualidade da educação brasileira”, afirmou em nota.
Fonte: ACI digital
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