Dia intenso na cidade italiana de Assis, onde nesta quinta-feira (01) pela manhã foi celebrada a missa com a procissão da festa de Abertura do Perdão. Pe. Ceccobao, responsável pelo santuário da Porciúncula, explica o sentido do Perdão, recordando que a misericórdia é a emergência que encontramos no coração do homem.
Benedetta Capelli, Andressa Collet – Cidade do Vaticano
O Perdão se reconcilia com a parte mais profunda do homem. Na Porciúncula, explicam os frades franciscanos, se vive diariamente essa experiência intensa que transforma vidas. E nesta quinta-feira, primeiro de agosto, seja no santuário onde o Pobrezinho de Assis pediu ao Senhor o Paraíso para todos, seja em outras igrejas franciscanas do mundo, se pode pedir a Indulgência Plenária para se reconciliar no coração e no Espírito. Ela será concedida diariamente da Porciúncula, o lugar mais sagrado da Ordem Franciscana, até a meia-noite do dia 2 de agosto.
A festa do Perdão de Assis está intimamente ligada à Porciúncula, a pequena igrejinha reconstruída por São Francisco e que hoje está no interior da Basílica de Santa Maria dos Anjos, em Assis, cidade italiana da região da Úmbria.
O perdão, o milagre de todos os dias na Porciúncula
Em entrevista ao Vatican News, o responsávelo pelo santuário da Porciúncula, Pe. Simone Ceccobao, explicou o sentido do Perdão de Assis:
“Francisco, naquela noite que eu gosto de chamar de ‘luminosa’ – uma noite de céu – ao Senhor Jesus que lhe apareceu em visão exatamente na Porciúncula, dirige estas palavras, um pedido ousado: ‘Eu te peço, Senhor Jesus, que qualquer homem ou mulher que virá aqui na Porciúncula, arrependido das próprias culpas, possa extraordinariamente experimentar a misericórdia, do perdão’. Essas são as palavras com as quais Francisco de Assis atrai ainda hoje, aqui, todo dia, todo ano, milhões de peregrinos. Essas palavras de Assis contêm uma urgência: a urgência do perdão, a urgência da misericórdia. Talvez hoje pareça pouco atual falar de perdão; talvez hoje possa parecer mais atual falar de firmeza, de segurança, de fronteiras, porque talvez hoje a misericórdia e o perdão nos pareçam um amor pouco confiável. Ao contrário, porém, Francisco nos sugere que a misericórdia é a emergência que encontramos no coração do homem. Acredito que a festa do Perdão nasça a partir dessa emergência. Esse pedido assim, forte e ousado de Francisco de Assis ao Senhor, acontece depois de um banho de espinhos: Francisco vive dois anos de crises dolorosas, com os espinhos da dúvida, da tentação... Francisco se joga dentro daqueles espinhos e vê que são tomados pelo seu sacrifício, seu sangue e se transformam em rosas. E é esse o milagre que diariamente se realiza aqui.”
Milhares de jovens esperados para o Perdão de Assis 2019
Nesta sexta-feira (02), a misericórdia também chegará aos jovens que participam da 39ª Marcha Franciscana que, neste ano, tem como tema “No teu lugar”. Mas o perdão também chegará a todos os homens e mulheres que quiserem viver aquele que pode ser considerado “um perene Jubileu da Misericórdia”, evocando o Papa Francisco.
“Aquilo que se respira, que se vive diariamente aqui na Porciúncula, é um perene Jubileu da Misericórdia, porque todo dia entram homens e mulheres num banho de espinhos. Nós, que diariamente trabalhamos na Porciúncula, percebemos e vivemos, vemos com os nossos olhos, um perdão extraordinário que sai do coração aberto do Pai e se reverte sobre a vida do homem e a faz nova. Uma confiança redescoberta, uma esperança redescoberta, como se o pecado, por tão doloroso, não tenha a última palavra sobre a vida porque a última palavra sobre a nossa vida é o amor, o amor do Pai.”
O Pe. Ceccobao também falou sobre a mudança no coração dos peregrinos que se aproximam da Porciúncula, motivados inclusive pela insistência do Papa Francisco sobre o perdão:
“O Papa Francisco foi o porta-voz dessa emergência do perdão. Compreendeu que as estruturas que nos conduzem não somente na Igreja, mas no mundo, são mais frágeis sem misericórdia, sem perdão. E essa mensagem chegou! Acredito que chegou ao coração de todos, inclusive dos mais distantes. Compartilho uma pequena experiência que fiz um tempo atrás, confessando um peregrino que não se aproximava ao Sacramento da Reconciliação por mais de 20 anos. Depois de ter recebido a absolvição dos próprios pecados, em lágrimas, me disse: ‘é isso que em todo esse tempo eu não sabia procurar, e aqui eu encontrei’. A misericórdia é uma linguagem que fala para todos.”
“Não existe coração humano que não tenha o desejo do perdão. O homem se sente mais em casa quando é perdoado, quando recebe a misericórdia e, sobretudo, o homem é mais humano.”
Fonte: Vatican News
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