PIURA, 16 Ago. 19 / 03:00 pm (ACI).- Um sacerdote que serviu no Pontifício Conselho para a Família, agora Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida no Vaticano, explicou o que considera o grande erro da ideologia de gênero.
“O grande erro da chamada ideologia de gênero é que se pretende que a identidade pessoal dependa apenas da autopercepção do sujeito (sua psicologia), dos condicionamentos da educação e da cultura ou da escolha do indivíduo emocional. Trata-se de separar radicalmente a identidade de gênero do sexo biológico”, explicou Pe. José Guillermo Gutiérrez Fernández, no dia 14 de agosto, por ocasião da conferência internacional “A família, a vida e o acontecimento de Guadalupe”, que aconteceu na cidade de Piura, no norte do Peru, de 13 a 15 deste mês.
A abordagem de gênero ou ideologia de gênero é uma corrente que considera o sexo como uma construção sociocultural e que atenta contra a natureza humana. Isto foi criticado várias vezes pelo Papa Francisco e por outros membros da Igreja. Nesse sentido, o Vaticano publicou em junho o documento “Homem e mulher os criou. Para uma via de diálogo sobre a questão de gender na educação”.
Pe. José Guillermo Gutiérrez Fernández. Crédito: Arquidiocese de Piura
Em sua conferência "A Sacralidade da Vida e a Ideologia de Gênero", no Coliseu Dom Bosco, de Piura, diante de mais de cinco mil participantes, o sacerdote destacou que o erro da ideologia de gênero se torna "mais grave quando se pretende chegar a uma ‘neutralidade’, negando a heteronormatividade binária, dizendo que o gênero é algo fluido e não pode ser predeterminado”.
Segundo informa a Arquidiocese de Piura, Pe. Gutiérrez recordou que a Igreja não discrimina os homossexuais, porque “nosso Senhor chama todos os seus filhos para viver a vida cristã e alcançar a santidade. Todo mundo tem que fazer o seu próprio caminho a partir das circunstâncias nas quais se encontra”.
Além disso, o sacerdote afirmou que, “no mundo de hoje, há toda uma propaganda que nos vende a ideia errada de que não se pode ser feliz sem o exercício ativo da nossa genitalidade. Isso nos confunde e nos engana”.
"Parece que quando a Igreja convida os homossexuais a se absterem de ter relacionamentos íntimos, convida-os a viverem sem amor”, lamentou.
Coliseu Dom Bosco em Piura, onde ocorreu o congresso internacional. Crédito: Arquidiocese de Piura
O sacerdote assinalou que "devemos levar em consideração que todos os seres humanos têm uma vocação ao amor e isso não se vive necessariamente através do exercício ativo da nossa genitalidade".
“Existem outras maneiras de viver esse amor, como por exemplo: na entrega de si mesmo através do voluntariado, do serviço aos pobres, da amizade sincera e casta, da caridade, etc. É necessário recordar que as pessoas têm apenas uma identidade: a identidade de filhos de Deus, homem ou mulher”, explicou.
Pe. Gutiérrez também alertou para a possibilidade de que, “sob o pretexto de buscar a igualdade entre homens e mulheres, o Estado busque intervir de maneira dissimulada, tentando tirar dos pais a responsabilidade e o direito de serem os primeiros educadores de seus filhos”.
Os pais “são os responsáveis pela educação da afetividade e sexualidade de seus filhos. Uma educação orientada ao amor que respeite a diferença sexual entre homens e mulheres, sua complementaridade e reciprocidade e que seja um chamado à comunhão de pessoas que nos faz imagem de Deus”.
Não ao aborto
O sacerdote também se referiu à importância de defender a vida humana, pois "o ser humano é a única criatura que Deus amou por si mesma, tem uma dignidade excelsa".
Pe. Gutiérrez também lembrou que "a vida começa desde o momento da concepção" e deve terminar "de maneira natural, por isso a importância de proteger a vida de todo ser humano e ainda mais quando está neste estado precoce e inicial de sua existência”.
"Portanto, não podemos falar em nenhum caso de 'interrupção da gravidez', porque a vida não é algo que possamos interromper e depois reiniciar".
“Todos os que estamos hoje aqui começamos esta maravilhosa aventura de nossa vida sendo um pequeno embrião e, a partir deste momento, fomos amados e protegidos. Por isso, somos chamados a estar sempre contra o aborto, porque se trata de matar um ser humano inocente”, destacou o sacerdote.
Fonte: ACI digital
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