Fiéis lotam estádio de Salvador em Missa pela canonização de Santa Dulce dos Pobres

Arena Fonte Nova lotada na Missa pela canonização de Santa Dulce dos Pobres. Foto: Taciane Barros / Arquidiocese de Salvador

SALVADOR, 21 Out. 19 / 01:10 pm (ACI).- Cerca de 49 mil pessoas lotaram a Arena Fonte Nova, em Salvador (BA), no domingo, 20 de outubro, para a Missa em ação de graças pela canonização de Santa Dulce dos Pobres, a primeira santa brasileira.

Santa Dulce foi canonizada em 13 de outubro, no Vaticano, em cerimônia presidida pelo Papa Francisco, na Praça de São Pedro.

Uma semana depois, os fiéis brasileiros tiveram a oportunidade de agradecer a Deus por esta graça, na Missa que reuniu pessoas de Salvador, bem como de diversas cidades da Bahia e até mesmo de outros estados brasileiros.



Antes da Celebração Eucarística, foi apresentado o espetáculo teatral “Império de Amor”, sobre a vida de Santa Dulce dos Pobres. Fizeram parte da apresentação cerca de 500 crianças e adolescentes do Centro Educacional Santo Antônio (CESA), núcleo de educação das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), além de idosos.

Aos jornalistas, o Arcebispo de Salvador, Dom Murilo Krieger expressou que o espetáculo lhe tocou, porque mostra que a obra de Irmã Dulce “é uma obra viva, onde cada pessoa é uma pedrinha nesse mosaico de amor que forma o rosto de Jesus Cristo”.

Houve ainda momentos com apresentações musicais, com cantores locais.



Também estiveram presentes os miraculados que levaram à beatificação e canonização de Irmã Dulce, Cláudia Araújo e José Maurício Moreira, respectivamente, além da sobrinha da santa e superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), Maria Rita Pontes.

O mundo precisa de ‘Irmãs Dulce’

A Missa foi presidida pelo Arcebispo de Salvador, Dom Murilo Krieger, que, durante sua homilia, falou como em uma conversa com Santa Dulce dos Pobres, ressaltando a alegria do povo brasileiro com a canonização de sua primeira santa.

“Hoje, pois, só poderíamos mesmo estar muito alegres. E quem é a causa de toda essa alegria e emoção? É a senhora, Santa Dulce dos Pobres – a senhora, que agora é irmã não apenas dos soteropolitanos e baianos, mas, a partir do histórico dia 13 de outubro de 2019, é, também, uma irmã universal”, disse, ao acrescentar: “Quando a senhora poderia ter imaginado que um dia, numa tarde de domingo, uma multidão se reuniria por sua causa, num estádio de futebol?”.

Em seguida, indicando uma correção, o Prelado explicou que “não é bem verdade que estamos aqui por sua causa. Há uma causa maior que nos traz aqui: a Santíssima Trindade, fonte de toda santidade, fonte de sua santidade. Aqui estamos para louvar e agradecer ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo pelo dom que nos concedeu, com a canonização que o Brasil acompanhou”.

Nesse sentido, sublinhou algumas características da religiosa que são hoje exemplo para todos, como “sua fidelidade a Jesus, sua confiança na Providência divina e seu amor aos pobres, aos menores abandonados e às crianças desprotegidas”.

“Imagino sua timidez, no tempo em que morava em Salvador, quando ouvia alguém chamá-la de ‘O Anjo Bom da Bahia’. Mas a senhora foi isto mesmo: um anjo que passou pelas ruas desta cidade, que acolheu doentes e abandonados e que ajudou muitos a descobrir o sentido da palavra ‘dignidade’”, expressou o Arcebispo.

Dom Murilo sublinhou a importância da oração na vida de Santa Dulce, citando as palavras da própria santa, que disse: “Vou frequentemente à Igreja pedir força a Deus; costumo visitar o Santíssimo Sacramento em nossa capelinha do hospital. O segredo é a oração. Se a gente não faz da vida uma oração contínua, é difícil aguentar as dificuldades”.

Além disso, afirmou que “o segundo segredo de sua fidelidade a Deus e à Igreja estava no seu amor à palavra de Deus”.

“Este domingo é dia de festa para todos nós. Mas é também um dia para aprendermos com a senhora um pouco do seu jeito de ser. Admiro, por exemplo, sua capacidade de trabalhar com pessoas de qualquer classe social. A senhora sabia que, sozinha, poderia caminhar mais depressa, mas, motivando outros para os seus ideais, iria mais longe, atingiria um maior número de necessitados – e por muito mais tempo”, disse o Arcebispo.

Segundo ele, muitos estão descobrindo que o que distinguia o trabalho de Santa Dulce “pelos menos favorecidos era o amor” e que ela era “convicta de que – e aí está uma outra lição que a senhora nos deixou! – que quando ajudamos os pobres eles, na verdade, é que nos ajudam. Afinal, neles está Jesus! A senhora via os necessitados a partir de Cristo; a senhora os via como Cristo os via”.

“Queremos, pois, guardar está sua lição: tudo o que a senhora fazia tinha como ponto de partida a sua amizade pessoal com Jesus”, destacou Dom Murilo, acrescentando que outra lição deixada pela santa “é que mais do que dar pão aos necessitados, o que já seria muito, é preciso lhes transmitir valores”.

Nesse sentido, o Arcebispo lançou também um olhar para os dias de hoje e sublinhou que “sabemos que, se sairmos agora pelas ruas de nossa cidade, de nosso Estado ou de nosso país, veremos que há muitas pessoas que a deixariam inquieta”.

“O mundo precisa de muitas ‘Irmãs Dulce’. Se a Igreja a coloca agora em lugar de destaque é para que a luz de Cristo, que se reflete na senhora, seja vista por nós e nos anime a fazer o que estiver ao nosso alcance para tornar o mundo melhor. Se tivermos essa disposição e confiarmos na Providência Divina, descobriremos que, colocando Deus no centro de nossa vida e amando o próximo como a nós mesmos, o mundo se tornará melhor e não passaremos por esta terra em vão”, concluiu.

Fonte: ACI digital

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