Cidade do Vaticano
Confira a íntegra da reflexão do Santo Padre no Angelus deste IV Domingo de Advento
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Neste quarto e último domingo de Advento, o Evangelho nos guia para o Natal por meio da experiência de São José, uma figura aparentemente secundária, mas em cuja atitude está encerrada toda a sabedoria cristã.
Ele, junto com João Batista e Maria, é um dos personagens que a liturgia nos propõe para o Tempo do Advento; e dos três, é o mais modesto. Alguém que não prega, não fala, mas busca fazer a vontade de Deus; e a cumpre no estilo do Evangelho e das Bem-aventuranças. Pensemos: "Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus".
E José é pobre porque vive do essencial, trabalha, vive do trabalho; é a pobreza típica daqueles que tem consciência de depender totalmente de Deus e nele depositam toda sua confiança.
A narrativa do Evangelho de hoje apresenta uma situação humanamente embaraçante e contrastante. José e Maria estão prometidos como esposos; ainda não vivem juntos, mas ela espera um filho por obra de Deus. José, diante dessa surpresa, naturalmente fica perturbado, mas, ao invés de reagir de maneira impulsiva e punitiva - como se costumava fazer, a lei o protegia - busca uma solução que respeite a dignidade e a integridade de sua amada Maria.
Diz assim o Evangelho: "José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria, em segredo". José, de fato, bem sabia que, se tivesse denunciado sua prometida esposa, a teria exposta a sérias consequências, até mesmo à morte. Ele tem total confiança em Maria, a quem ele escolheu como esposa. Não entende mas busca outra solução.
Essa inexplicável circunstância o leva a questionar sua ligação; assim, com grande sofrimento, decide se separar de Maria sem criar escândalo. Mas o anjo do Senhor intervém para lhe dizer que a solução que ele propõe não é a desejada por Deus. Antes pelo contrário, o Senhor abre a ele um novo caminho, um caminho de união, de amor e de felicidade e diz a ele: “José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo."
A este ponto, José confia totalmente em Deus, obedece às palavras do anjo e toma consigo Maria. Precisamente essa confiança inabalável em Deus permitiu a ele aceitar uma situação humanamente difícil e, em certo sentido, incompreensível.
José entende, na fé, que a criança gerada no ventre de Maria não é seu filho, mas é o Filho de Deus e ele, José, será seu protetor, assumindo plenamente sua paternidade terrena. O exemplo desse homem manso e sábio nos exorta a elevar o olhar, procurando ver além. Trata-se de resgatar a surpreendente lógica de Deus que, longe dos pequenos ou grandes cálculos, é feita de abertura a novos horizontes, a Cristo e à Sua Palavra.
Que a Virgem Maria e seu casto esposo José nos ajudem a nos colocar à escuta de Jesus que vem e que pede para ser acolhido em nossos projetos e nas nossas escolhas.
22 dezembro 2019
Fonte: Vatican News
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