Sacerdote brasileiro comenta a devoção à Padroeira das Américas e fala sobre a simbologia da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe
As aparições da Virgem Maria oficializadas pela Igreja sempre deixaram profundas marcas na história, na alma e no coração dos fiéis. Em alguns casos, foram deixadas provas contundentes, como ocorreu em Tepeyac, noroeste da Cidade do México, no século XVI.
Na tilma do índio Juan Diego, Maria fez estampar sua imagem milagrosamente, e ainda hoje essa peça de vestuário permanece sem sinais de deterioração. O fenômeno desafia a ciência e seus pesquisadores, que são unânimes em afirmar: o manto de Guadalupe, que se encontra exposto na basílica de mesmo nome, no México, é de natureza divina.
A Mãe de Guadalupe, Padroeira das Américas, título dado por São João Paulo II, em 1979, é digna de verdadeiros tratados também no que se refere a aspectos sociais, políticos e religiosos. Não por acaso, fez questão de manifestar-se a um índio por meio do rosto de uma jovem morena com traços europeus, sendo a mão direita mais branca que a esquerda, além de outros elementos evidentes de sua intenção de pôr fim ao separatismo e reforçar a importância da solidariedade entre os povos e culturas.
Devoto-me à Mãe de Guadalupe por ter escolhido como um dos primeiros sinais de sua maternidade a cura do tio moribundo de Juan Diego e empenho-me em propagá-la como intercessora dos doentes, tão irrefutáveis são os testemunhos de graças recebidas nesse sentido.
Devoto-me à Mãe de Guadalupe por haver utilizado como sinal de sua manifestação as rosas, levadas como prova ao bispo daquela localidade. Apesar de impróprias para o lugar e o clima no momento da aparição, ainda assim o topo da montanha estava repleto de rosas perfumadas e umedecidas pelo orvalho, para que nossa obediência a seu amado Filho Jesus exale como perfume de santidade.
Para aqueles que duvidam da aparição de Maria em Guadalupe, a Virgem impôs-se num manto para ser lembrada. Quem tem olhos veja, pois o que se vê é suficiente para ter fé!
A simbologia da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe é riquíssima e aqui elenco algumas para provocar em você, querido filho, querida filha uma curiosidade:
O Rosto – Seu rosto é de uma jovem, recém-saída da adolescência, moreno, ovalado e em atitude de profunda oração, refletindo amor e ternura. É a única parte da imagem que não é totalmente índia: tem uma tez morena própria dos nativos, mas os traços são europeus. Numa época em que não havia ainda mestiçagem, A Virgem de Guadalupe anuncia o nascimento de um novo povo: o povo mexicano, que surgiria da miscigenação entre índios e espanhóis.
Os Cabelos – Tem os cabelos soltos, que entre os astecas é sinal de virgindade.
As Mãos – Suas mãos estão juntas em sinal de recolhimento e oração. A direita é mais branca e a esquerda é mais morena, podendo significar a união das raças.
O Broche – O jade do pequeno broche que Maria traz no pescoço, como as estátuas dos deuses, é símbolo de beleza e de riqueza para os índios. A cruz negra no broche identifica-a com os missionários espanhóis.
O Cinto – O cinto negro localizado acima do ventre, é um símbolo asteca de maternidade. Essa é uma imagem em que Nossa Senhora aparece grávida de Jesus.
A Túnica – “rosada ou avermelhada” evoca a aurora ou o entardecer; é a cor de “Tonatiuh” e de “Yestlaquenqui”, nomes diversos do deus sol. Tem o desenho de uma pequena flor de quatro pétalas, e o de um grande botão de flor parcialmente aberto sobre um grosso talo, todo barrocamente estilizado. É o símbolo do monte Tepeyac; significa “no nariz do monte”, que durante certas épocas do ano se enchia de flores silvestres.
A Flor – A flor de quatro pétalas, a “Nahui Ollin”, que para as antigas culturas Asteca representava a presença de Deus, o centro do espaço e do tempo, está estampada na túnica, sobre o ventre, é o símbolo principal na imagem, pois confirma aos indígenas que Ela é a Mãe do Verdadeiro Deus.
A Lua – Ela pisa sobre a lua crescente. Os índios veneravam Quetzalcoatl (serpente de pedra), representado por uma lua encrespada. Os pés de Maria estão firmemente apoiados sobre a lua, simbolizando que Ela está esmagando o deus deles.
O Manto Azul turquesa – Cor sagrada para os nahua, era próprio dos nobres e príncipes, sinal de realeza, virgindade e a cor que as deusas vestiam.
As Estrelas no manto – No manto estão representadas as estrelas mais brilhantes das principais constelações, e se comprova, com exatidão, que no manto da virgem de Guadalupe, está reproduzido o céu do dia 12 de dezembro, solstício do inverno de 1531. Os índios viviam sob as estrelas e aqui Ela as veste. Para eles o solstício de inverno era o dia mais importante em seu calendário religioso. O sol vencia as trevas e ressurgia vitorioso. Por isso, não é casual que precisamente neste dia ocorreu tão grandioso milagre.
Os raios – A Virgem está rodeada de raios dourados que formam um halo de Luz brilhante. Está vestida de sol, grávida da Luz do mundo, do Sol da justiça.
As cores – As cores e luminosidade do rosto, das mãos, da túnica e do manto modificam-se e parecem ser efeito da refração da luz, semelhante ao que acontece nas penas de certos pássaros ou nas asas de algumas borboletas. Tal efeito não poderia na época, como ainda hoje não pode ser conseguido por técnicas humanas. Mesmo depois de mais de quinhentos anos, não existe descoloração nem fendas da figura original em parte alguma, como também não tem na tilma (manto), que por ser de fibra vegetal, extremamente quebradiço deveria ter se deteriorado completamente já há centenas de anos. Tudo isso, desafia cientistas e estudiosos, fazendo-os concluir que foi Deus quem pintou e conserva a Imagem de Nossa Senhora de Guadalupe.
Por tudo isso, rezemos:
“Ó gloriosa Mãe de Deus, Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira das Américas,
Tu és nossa mãe compassiva,
Curai nossas penas,
Nossas misérias e dores,
Acolhei-nos no aconchego do Teu manto,
Escutai mãe as nossas preces.
(Faça o seu pedido)
Amparai os doentes e desempregados,
Abençoai nossas casas e as nossas famílias,
Protegei nossos filhos,
Livrando-os das maldades e dos perigos desse mundo,
Guardai nossos lares,
Escondendo-os dos olhos dos maus,
Que neles o nome de Deus seja sempre invocado com respeito e amor,
Que os seus mandamentos sejam observados com fidelidade,
Que Vosso bendito nome, ó Mãe querida,
Seja sempre lembrado com muita devoção,
Que a palavra de Deus seja sempre meditada,
E seguida todos os dias da nossa vida.
Que a nossa obediência a Teu Filho Jesus,
Exale tal qual rosa um perfume de santidade.
Amém.”
Fonte: Aleteia
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