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Redação da Aleteia | Abr 30, 2020
O impactante testemunho de Sara, enfermeira em uma das cidades mais afetadas pelo coronavírus na Espanha
“Sou Sara Palmés, tenho 26 anos e trabalho como enfermeira na UTI do Hospital de Igualada [Barcelona, Espanha]. Moro com meu marido e nós dois pegamos Covid-19.
Foi quando começaram a chegar os casos graves ao hospital e confinaram a cidade de Igualada. Trabalhei muitos dias seguidos.
Ainda não estávamos preparados para tudo o que tinha que chegar. A cada hora que passava, mudávamos os protocolos. Naqueles caos inicial, fomos construindo o que agora é o Hospital de Igualada.
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Então, no dia 16 de março, comecei a ter sintomas (leves, graças a Deus). Fiz o teste e deu positivo. Fiquei em casa confinada por duas semanas, até que os sintomas sumissem. Repeti o exame e deu negativo.
Voltei a trabalhar na UTI no dia 1 de abril. O hospital mudou completamente. Nós nos organizamos e nos adaptamos a uma situação impensável anteriormente.
No meu dia a dia como enfermeira, lido com muitas pessoas e suas famílias. Na UTI, alguns se recuperam; outros não. Gosto de acompanhá-los nestes momentos tão difíceis que eles vivem.
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Com alguns, celebro a vida e dou graças a Deus. Com outros, acompanho o sofrimento e rezo pelas almas dos que nos deixam.
A diferença agora é que, com o Covid-19, não posso fazer esse acompanhamento com as famílias. Quando há um paciente grave na UTI, normalmente não podemos falar com ele, já que ele está entubado e conectado a um respirador mecânico.
É a família que me explica as coisas que o paciente fez em sua vida, do que ele gosta, quem ele ama etc. E também é com eles que vivo a dor da perda.
Agora cuido de pacientes cujas histórias não conheço. Não sei de onde vieram, quem são. Então, imagino que todos são Jesus, e cuido deles como se o próprio Jesus estivesse ligado a um respirador.
Eu já tentava fazer isso antes do Covid-10. Mas agora, vivo isso com mais intensidade. Não sou perfeita, tento ser melhor a cada dia. Mas, por Jesus, daria tudo. E é isso que tento fazer todos os dias no meu trabalho.
Outra coisa que tem me ajudado muito a mergulhar na fé nestes dias é a comunidade paroquial que criamos à distância.
Monsenhor Xavier Bisbat criou uma lista de transmissão no WhatsApp da paróquia Sagrada Família de Igualada. Toda manhã, ele nos envia notícias de outros fiéis, informações sobre as intenções da Missa e os links para seguirmos os ofícios e celebrações virtualmente.
Me surpreende muito saber que antes da crise íamos à paróquia na Missa dominical e nem sequer cumprimentávamos os que se sentavam perto de nós. Não sabíamos quem eram, com que trabalhavam, se eram felizes… Agora, através do grupo do WhatsApp, estamos conhecendo a realidade que existe dentro de nossa paróquia; uma realidade que antes, quando nos víamos cara a cara, desconhecíamos.
Agora rezamos uns pelos outros estamos fazendo uma comunidade cristã à distância. Estamos construindo a Igreja em cada casa – e creio que isso seja precioso.
Rezo para que, quando a pandemia terminar, essa comunidade continue em nossa paróquia, e para que, quando nos encontrarmos pessoalmente, possamos conversar e rezar como irmãos.
Envio uma mensagem de ânimo, esperança e fé a todos os leitores. Em suas casas, em seus trabalhos, no hospital, esteja onde estiverem, o Bom Jesus estará com vocês. Ele não nos abandona. Saibamos recebê-lo em nosso coração sem medo. Ofereçamos a Ele o nosso sofrimento e celebremos com fé e esperança a sua Ressurreição. Ele está vivo. Aleluia!”
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Artigo traduzido pela Aleteia do original em catalão publicado pelo bispado de Vic
Fonte: Aleteia
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