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John Burger | Set, 2020
Uma das lendas mais intrigantes faz uma conexão direta entre a Queda do Homem e a Paixão, pela qual Cristo pagou pelo pecado de Adão
Talvez não sejam muitas as pessoas que se debruçam sobre o assunto hoje, mas em vários momentos da história do Cristianismo as pessoas procuraram explicar a origem da Cruz de Cristo. Algumas das lendas que surgiram são imaginativas e muitas vezes carregam um significado espiritual relacionado à história da salvação.
Em 1910, James Charles Wall, um eclesiologista britânico, coletou algumas dessas lendas em seu livro Relics Of The Passion.
“Quando surgiu a notícia da descoberta da Santa Cruz, e todos pediam detalhes, de acordo com o funcionamento da mente de cada um, surgiram estas perguntas entre outras: De que madeira foi feita? De onde originou?”
Lendas
Uma das lendas mais intrigantes faz uma conexão direta entre a Queda do Homem e a Paixão, pela qual Cristo pagou pelo pecado de Adão. Seth (Sete), um dos filhos de Adão e Eva, procurou alívio para Adão quando este estava doente. Negado o pedido de algumas gotas de óleo da Árvore da Vida, deram-lhe um galho dessa árvore. Após a morte de Adão, Seth plantou o galho sobre seu túmulo e a árvore cresceu. Dessa árvore, séculos depois, surgiu a parte vertical da Cruz.
“A barra transversal era de cipreste, a peça para apoiar os pés era de palma e a inscrição constava em um pedaço de oliveira”, relata Wall.
Outra versão da mesma lenda, no entanto, explica que São Miguel Arcanjo, que recusou dar a Seth o óleo da árvore, deu a ele três sementes da Árvore do Conhecimento (aquela da qual Adão e Eva comeram ilicitamente) para serem colocadas sob a língua de Adão quando ele fosse enterrado. O mensageiro celestial prometeu que dessas sementes cresceria uma árvore que daria frutos, por meio da qual Adão seria salvo e viveria novamente.
3 madeiras
“Das três sementes surgiu uma trindade de árvores de três madeiras distintas, cedro, cipreste e pinheiro, embora unidas em um tronco”, escreve Wall. “Desta árvore, Moisés cortou sua vara. Davi a transplantou para as margens de um tanque perto de Jerusalém, e sob seus galhos ele compôs seus salmos.”
Salomão a cortou para formar uma coluna em seu templo, mas por ser muito curta, foi rejeitada e lançada sobre um riacho para servir de ponte. A rainha de Sabá, ao visitar Salomão, recusou-se a passar naquela árvore, declarando que um dia ela ocasionaria a destruição dos hebreus. O rei ordenou que fosse removida e enterrada. Assim, isso foi feito perto do tanque de Betesda, momento em que as virtudes da madeira foram imediatamente comunicadas às águas. Após a condenação de Cristo, ela foi encontrada flutuando na superfície do tanque, e os judeus a tomaram como a viga principal da cruz.
No entanto, há muito existe a tradição de que a cruz foi feita de várias madeiras diferentes – geralmente três, em homenagem à Trindade, mas às vezes mais. “Uma velha lenda diz que a cruz era feita de “Palma da Vitória”, “Cedro da Incorrupção” e “Azeitona para a Unção Real e Sacerdotal”. Um verso latino diz:
O pé da Cruz é o cedro, a palma segura as mãos, o cipreste alto segura o corpo, e a oliveira, a inscrição.
Local
A questão da proveniência da madeira da Cruz também suscitou tradições que levaram à construção de estruturas de peregrinação. “A oeste de Jerusalém está uma bela igreja onde a árvore da Cruz cresceu”, disse Sir John Mandeville por volta de 1360.
Assim, Henry Maundrell (1665-1701), em sua descrição de um convento grego que ele visitou a cerca de meia hora de distância de Jerusalém, diz: “O que mais merece nota no convento é a razão de seu nome e fundação. É porque ali é a terra que nutriu a raiz, que gerou a árvore, que produziu a madeira, que fez a Cruz. Sob o altar-mor, está um buraco no chão onde ficava o tronco da árvore”.
Enfim, Wall identifica esse local com o mosteiro ortodoxo grego da Santa Cruz, a um ou dois quilômetros a oeste de Jerusalém. Isso porque o mosteiro surgiu não muito depois da descoberta da Cruz por Santa Helena.
Fonte: Aleteia
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