Dom Alberto Taveira / Foto: Aline Andrade - ASCOM Basílica Santuário de Nazaré
BELÉM, 04 jan. 21 / 02:00 pm (ACI).- A Arquidiocese de Belém (PA) afirmou que “está acompanhando as investigações” contra o Arcebispo Dom Alberto Taveira, acusado de assédio e abuso sexual, e que tem “a certeza e a confiança de que, ao final, prevalecerá a verdade”.
Dom Taveira é acusado por quatro ex-seminaristas de assédio e abuso sexual, conforme indicado em denúncia divulgada na noite de domingo, 3 de dezembro, em reportagem no programa ‘Fantástico’, da Rede Globo.
Diante disso, a Arquidiocese de Belém divulgou uma nota na qual assinala que “este é o momento de renovar o nosso senso de comunhão e solidariedade, porque, como disse o Apóstolo, referindo-se à Igreja, ‘quando um membro sofre, todos os membros participam do seu sofrimento; se um membro é honrado, todos os membros participam de sua alegria’ (1Cor 12, 26)”.
Além disso, “pede à comunidade dos fiéis que continue a rezar pela Igreja, por intercessão da Santíssima Mãe de Deus, a Virgem Maria, para que não desanimemos diante das provações pelas quais estamos passando”.
Segundo a Arquidiocese, “devido ao sigilo imposto e em respeito às leis, não pode divulgar mais informações”.
Em reportagem veiculada no domingo, o programa ‘Fantástico’ apresentou relatos de quatro ex-seminaristas da Arquidiocese de Belém, os quais narram em detalhe como teriam sido os abusos cometidos pelo Prelado.
Segundo a reportagem, os acusadores “dizem que Dom Alberto usou de seu poder para investidas sexuais não consentidas em encontros privados” e fazem relatos de “assédio moral e sexual”, que teriam acontecido entre 2010 e 2014, quando os rapazes tinham entre 15 e 18 anos.
Esses ex-seminaristas procuraram a Polícia Civil e o Ministério Público (MP) em agosto de 2020. À reportagem, o MP informou que recebeu a denúncia e encaminhou para investigação à Polícia Civil, a qual afirmou ter instaurado inquérito para apurar os fatos.
Por sua vez, o advogado de Dom Alberto Taveira, Roberto Lauria, afirmou que, “diferente do que se pensa, os denunciantes não são quatro pessoas isoladas”, mas sim “um grupo de pessoas que têm um profundo recalque, um profundo sentimento de vingança por Dom Alberto”, por causa de sua “gestão austera”. Trata-se, indicou de pessoas que “foram afastadas do seminário por comportamento incompatível com a vida religiosa”.
Após a divulgação da reportagem, o Seminário São Pio X, da Arquidiocese de Belém, expressou, através de sua página no Facebook, apoio ao Arcebispo Alberto Taveira.
“Nós, Seminaristas do Seminário Maior São Pio X da Arquidiocese de Belém viemos a público, mais uma vez, manifestar todo nosso apoio ao nosso Arcebispo Dom Alberto Taveira Correa. Conhecemos nosso pastor e pai como este grande apóstolo das vocações que é, um homem de vida ofertada a Deus e a Igreja, testemunho de fé e de amor à vocação e, movido por este amor, não mede esforços para nos ajudar a dar passos rumo ao Sacerdócio”, afirmam.
Em seguida, acrescentam: “Asseguramos nossas orações e estima pelo nosso arcebispo, na certeza de que a veracidade dos fatos pelos quais sofre calúnia e difamação venham à tona o quanto antes”.
Acusações de imoralidade
Em 5 de dezembro de 2020, Dom Alberto Taveira já havia se pronunciado a respeito de “acusações de imoralidade” contra ele. Na ocasião, o Prelado afirmou por meio de um vídeo estar “à disposição e aberto ao diálogo e ao entendimento”.
“Penso não ter o direito de me omitir perante o povo de Deus, nem de ninguém, sobre as acusações de imoralidade assacadas contra o Arcebispo de Belém”, disse.
Em seu pronunciamento, Dom Alberto Taveira declarou ter recebido “com tristeza” a informação de que foram abertos “procedimentos investigativos com graves acusações” contra ele, sem que tivesse sido “previamente questionado, ouvido ou tido qualquer oportunidade para esclarecer esses pretensos fatos postos nas acusações”.
O Arcebispo lamentou que “os pretensos acusados tenham optado pela via escandalosa” para promover as acusações, “visando causar danos irreparáveis à minha pessoa e provocar abalo na Santa Igreja”.
Disse ainda confiar “na Justiça Brasileira para o esclarecimento dessas falsas imputações” e informou que “tudo está sendo acompanhado adequadamente pela Santa Sé”.
Além disso, em carta aos sacerdotes da Arquidiocese de Belém, com data de 5 de dezembro de 2020, o Arcebispo contou ter sido “acusado de crimes de ordem moral” sem que lhe tenham dado a “oportunidade de ser ouvido”.
“Foram denúncias enviadas à Santa Sé, que provocaram uma Visita Apostólica, encerrada nesta semana; foi instaurado um processo em curso junto às autoridades civis”, informou, acrescentando que a “iminente divulgação em mídia nacional, ao que tudo indica, causará danos irreparáveis à mina pessoa e provocará um profundo abalo à Igreja”.
A reportagem, porém, foi divulgada apenas no último domingo, 3 de janeiro, pelo programa ‘Fantástico’, o qual também apresentou outras matérias trazendo acusações a entidades ou pessoas ligadas à Igreja Católica, como as recentes denúncias de abusos que teriam sido cometidos pelos Arautos do Evangelho, bem como as denúncias de corrupção contra o sacerdote Redentorista, Pe. Robson de Oliveira, ex-reitor do Santuário do Divino Pai Eterno.
Casos semelhantes
O caso de acusações contra Dom Alberto Taveira passou a ser associado ao que aconteceu com o Cardeal George Pell, o qual foi condenado à prisão em 2018, acusado de abusar sexualmente de dois menores. O caso teve grande repercussão na mídia australiana.
Entretanto, em 7 de abril de 2020, após 13 meses de prisão, foi libertado, depois que a Suprema Corte da Austrália concluiu que o júri no julgamento do Cardeal não agiu de maneira razoável, ao não encontrar possibilidade de dúvida nas acusações que enfrentava. O Purpurado foi absolvido de todas as acusações.
Recentemente, em uma entrevista ao programa Settestorie (Sete histórias) da emissora de televisão italiana Rai Uno, o Purpurado lamentou que, atualmente, “é cada vez mais frequente o assassinato de reputação”.
Além disso, em entrevista com Colm Flynn da EWTN, o Cardeal Pell disse que, na Austrália, algumas pessoas o trataram como um bode expiatório, vendo não apenas ele, mas toda a Igreja Católica em julgamento por abuso sexual.
Fonte: ACI digital
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