O que dizem os Papas sobre a misericórdia

POPES
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Dom Orlando Brandes - publicado em 09/04/21

De Paulo VI até o Papa Francisco, nossos pontífices apresentaram a misericórdia como resposta às fraquezas e pecados humanos, à miséria e à violência dos nossos tempos

O Papa João XXIII costumava dizer que “a misericórdia é o nome mais bonito de Deus”. Orientou os participantes do Concílio Vaticano II que “usassem a medicina da misericórdia no lugar da severidade.”

Já Santa Margarida Maria Alacoque recorreu à misericórdia do Coração de Jesus para superar os exageros do medo de Deus, do rigorismo moral e espiritual, do escrúpulo da consciência. O rei Davi encontrou na misericórdia a resposta para seus crimes, como rezamos no Salmo 50.

João Paulo II
 
Em nome da misericórdia, os mártires perdoaram seus juízes e algozes, os santos construíram hospitais, orfanatos, abrigos, asilos, casas de acolhimento de pobres e andarilhos. João Paulo II encontrou na misericórdia a resposta para a violência do socialismo marxista e a miséria imerecida dos povos, provocada pelo capitalismo neoliberal. 

A misericórdia tornou-se uma proposta de projeto social: “Que o mundo confie na força da compaixão”, dizia. A misericórdia para com os moralmente perdidos e socialmente excluídos responde aos desafios morais e sociais do mundo.

Paulo VI

Desde Paulo VI  até o Papa Francisco, nossos pontífices apresentaram a misericórdia como resposta às fraquezas e pecados humanos, à miséria e à violência dos nossos tempos. Deus sofre a dor humana e por ser misericordioso, se comove, deixa-se tocar pela compaixão e se coloca do lado do órfão, da viúva, do pobre e do estrangeiro. 

Assim, a misericórdia se torna a plenitude da justiça. O êxodo do Egito para a Terra Prometida, começou com a misericórdia de Deus que viu e ouviu os clamores de seu povo.

Bento XVI

O Papa Bento XVI ensina que a “lógica mercantil” deve ser superada pela “lógica do dom e da gratuidade”, defende a “economia da gratuidade”, fundamentada na misericórdia e na comunhão. O Deus misericordioso é o “Deus de rosto humano”. 

A misericórdia nos dá um coração novo e coragem para procurar o bem de todos. Assim teremos braços levantados para Deus e estendidos para os irmãos. O amor misericordioso de Deus nos sustenta no compromisso a favor da justiça.

Papa Francisco

Para o Papa Francisco a “misericórdia é a maior de todas as virtudes” (EG nº 37). Ela nos ajuda a remediar as misérias alheias. A Igreja do Evangelho da misericórdia escuta o clamor pela justiça. Comover-se diante do sofrimento alheio é a misericórdia. Nosso Papa pede que nossas paróquias e comunidades sejam “ilhas de misericórdia” no meio do mar da indiferença. Nossos confessionários não devem ser lugar de tortura, mas de experiência e encontro com Deus rico em misericórdia.

Sim, a misericórdia nos leva ao confessionário, aos hospitais, às prisões, às periferias, ao lava-pés. Nosso Papa fala da “revolução da ternura”. 

O seu lema é: O consumismo seja, pois, superado pelo “sistema da dádiva”, a violência dê lugar à compaixão. Graças à misericórdia o império do mal perde sua força, os inimigos se abraçam, os pobres são saciados, os pecadores são absolvidos.

Crença na misericórdia

Quem acredita na misericórdia crê na recuperação do ser humano e na esperança da salvação. A misericórdia não permite que percamos a capacidade de chorar diante de tanta indiferença, tanta corrupção, tanta intolerância. Isso tudo é veneno mortal. 

A lei da misericórdia é “não prejudicar”, e o outro é visto como um amigo, um irmão, um filho de Deus. A misericórdia cria condições para a empatia e a comunicação interpessoal porque é expressão do amor materno, visceral, uterino. O amor incondicional, gratuito, generoso é sinônimo de misericórdia. A cultura da misericórdia possibilita a globalização da solidariedade.

Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida, via A12

Fonte: Aleteia

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