Um em cada três países sofre violações de liberdade religiosa


Por
Redação
23 de abril de 2021

É o que aponta o 15º Relatório sobre liberdade religiosa no mundo, divulgado na terça-feira, 20, pela ACN

Reprodução de ACN

Na próxima terça-feira, 27, às 19h, acontecerá o evento de apresentação no Brasil do Relatório Liberdade Religiosa no Mundo 2021. O documento elaborado pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (Aid to the Church in Need – ACN), divulgado internacionalmente nesta terça-feira, 20.

O evento, realizado on-line, contará com as participações de Dom Walmor de Oliveira, Arcebispo de Belo Horizonte e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo; do Cardeal Orani Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro; e do Cardeal Sergio da Rocha, Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil.

Estatísticas

O Relatório aponta que o direito fundamental à liberdade religiosa não foi respeitado em 62 (31,6%) dos 196 países, entre 2018 e 2020. Em 26 desses países as pessoas sofrem perseguição e, em 95% deles, a situação ficou ainda pior durante o período analisado. Nove países aparecem nesta categoria (Perseguição Religiosa) pela primeira vez: sete na África (Burkina Faso, Camarões, Chade, Comores, República Democrática do Congo, Mali e Moçambique) e dois na Ásia (Malásia e Sri Lanka).

As estatísticas refletem uma das principais conclusões do relatório: a radicalização do continente africano, especialmente na África Subsaariana e Oriental, onde houve um aumento dramático na presença de grupos jihadistas. Violações da liberdade religiosa – incluindo perseguições extremas, como assassinatos em massa – estão ocorrendo agora em 42% de todos os países africanos: Burkina Faso e Moçambique são apenas dois exemplos marcantes.

O radicalismo afeta não apenas o continente africano: o Relatório de Liberdade Religiosa revela uma ascensão de redes islamistas transnacionais que se estendem do Mali a Moçambique, na África Subsaariana, às Comores, no Oceano Índico, e às Filipinas no Mar do Sul da China, com o objetivo de criar um chamado “califado transcontinental”.

Tecnologias

O relatório também destaca outra nova tendência: o abuso da tecnologia digital, das redes cibernéticas e da vigilância em massa baseada em inteligência artificial (IA) e tecnologia de reconhecimento facial para aumentar o controle e a discriminação em algumas das nações com o pior histórico de liberdade religiosa. Isso é mais evidente na China, onde o Partido Comunista Chinês tem oprimido grupos religiosos com a ajuda de 626 milhões de câmeras de vigilância aprimoradas em IA e scanners de smartphones. Grupos jihadistas também estão usando tecnologia digital para a radicalização e recrutamento de seguidores.

Segundo o documento da ACN, em 42 países (21%), renunciar ou mudar a religião pode levar a graves consequências legais e/ou sociais, que vão desde o ostracismo dentro da família até mesmo à pena de morte.

O Relatório destaca e denuncia o aumento da violência sexual usada como arma contra minorias religiosas – crimes contra mulheres e meninas que são sequestradas, estupradas e forçadas a se converter.


Toque na imagem para ampliar (Reprodução de ACN)

Minorias

Hoje, cerca de 67% da população mundial, ou cerca de 5,2 bilhões de pessoas, vivem em países onde há graves violações da liberdade religiosa, incluindo as nações mais populosas – China, Índia e Paquistão. Em muitos deles, as minorias religiosas são as mais visadas.

Segundo o Relatório, a perseguição religiosa por governos autoritários também se intensificou. A promoção da supremacia étnica e religiosa em alguns países de maioria hindu e budista na Ásia levou a uma maior opressão das minorias, muitas vezes reduzindo, de fato, seus membros a cidadãos de segunda classe. A Índia é o exemplo mais extremo, mas políticas semelhantes se aplicam no Paquistão, Nepal, Sri Lanka e Mianmar.

Ocidente

No Ocidente, conclui o Relatório, houve um aumento da “perseguição educada”, termo cunhado pelo Papa Francisco para descrever como novas normas e valores culturais entram em profundo conflito com os direitos individuais à liberdade de consciência, e consignam a religião “aos distritos fechados de igrejas, sinagogas ou mesquitas”. O documento também aborda o profundo impacto da pandemia COVID-19 sobre o direito à liberdade religiosa.

Refletindo sobre a gravidade das descobertas do Relatório de Liberdade Religiosa, o presidente executivo internacional da ACN, Thomas Heine-Geldern, afirma: “Lamentavelmente, apesar das iniciativas da ONU e dos embaixadores da liberdade religiosa, até hoje, a resposta da comunidade internacional à violência baseada na religião e à perseguição religiosa em geral, pode ser categorizada como muito pouco, ou tardia demais”.

No Brasil

Em conformidade com os relatórios anteriores, as religiões afro-brasileiras continuam sendo as mais perseguidas no País, seguidas das religiões esotéricas e animistas. A grande diferença no momento atual é a politização da religião e as suas consequências para toda a vida social.

Atualmente, existe uma nova escalada de agressividade associada à intolerância religiosa no país. Está havendo uma politização dos valores tradicionais, das crenças religiosas e do ressentimento diante do cancelamento cultural às comunidades cristãs conservadoras.

Evento on-line

O evento de apresentação no Brasil de apresentação no Brasil será transmitido pelos canais da ACN Brasil no Youtube e pelo Facebook da ACN Brasil.

Publicado pela primeira vez em 1999, o relatório bienal analisa até que ponto o direito humano fundamental à liberdade religiosa, protegido pelo artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, é respeitado por todas as religiões dos 196 países.

(Fonte: ACN)


Assista ao vídeo com os principais dados do Relatório:

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