Leniel Borel, pai do menino Henry Borel — Foto: Reprodução/TV Globo
Carta foi uma resposta à uma de tia de Leniel Borel, pai de Henry, que escreveu para o Papa contando sobre o caso.
Por Diego Haidar, RJ1
18/05/2021
Leia carta do Vaticano ao pai de Henry Borel
O pai do menino Henry, Leniel Borel, e a avó paterna do menino, Noeme Camargo, receberam uma carta com mensagens transmitidas pelo Papa Francisco.
A carta vinda do Vaticano chegou como um abraço para a família (confira abaixo a íntegra da mensagem).
O documento, assinado pelo monsenhor Luigi Roberto Cona, assessor para assuntos gerais da Secretaria do Vaticano, traz a mensagem do Papa Francisco.
Ele fala que "a loucura humana levou ao massacre do pequenino Henry Borel."
"O Papa Francisco incumbiu-me de assegurar a sua paterna vizinhança e solidariedade ao pai Leniel Borel e a avó Noeme Camargo, confiando-os à proteção da Virgem Maria com os desejos bons que cada um traz no coração; deixem-se reconhecer como amigos de Jesus; a todos chamem amigos e, de todos, sejam amigos”.
A carta tem ainda uma mensagem contra o ódio.
"O Santo Padre conta com a senhora Noeme e o senhor Leniel para contrastarem a cultura da indiferença e do ódio que sentem crescer ao seu redor; não se deixem contaminar pelo ódio transformando-se à sua imagem e semelhança. Sejam do número das pessoas que se recusam a entrar no circuito do ódio, que se recusam a odiar aqueles que lhes fizeram mal, dizendo-lhes: «Não tereis o meu ódio!»".
Ele também elogia a postura da família.
"É quase um milagre que uma pessoa ferida, como o senhor Leniel e a senhora Noeme, possa encontrar a coragem de recusar ter ódio e o afastar do seu coração. Mas é um milagre que lhe permite viver em paz e ajudar a salvar o mundo de si mesmo".
E por fim, a benção da autoridade máxima da igreja católica.
"O Papa Francisco concede-lhes a Bênção Apostólica."
"Valho-me do ensejo para lhe testemunhar meus sentimentos de fraterna estima em cristo senhor".
A carta foi uma resposta à uma de tia de Leniel Borel, pai de Henry, que escreveu para o Papa contando sobre o caso.
O menino, que estava no apartamento da mãe e do padrasto, foi levado por eles ao hospital, onde chegou já sem vida na madrugada de 8 de março. Eles alegam inocência e afirmam que houve um acidente, mas laudos descartaram a hipótese.
O menino Henry Borel, de 4 anos, morreu no dia 8 de março — Foto: Reprodução
Jairinho e Monique Medeiros são réus
Enquanto recebe o conforto do Papa Francisco, a família acompanha o andamento do caso, que agora está nas mãos da Justiça.
A Justiça já aceitou a denúncia do Ministério Público do estado e decretou a prisão preventiva do vereador Jairinho (sem partido), padrasto da criança, e de Monique Medeiros, mãe do menino. Eles agora são réus no caso.
O casal foi indiciado por homicídio triplamente qualificado – com emprego de tortura e sem chance de defesa para a vítima – e por atrapalhar as investigações e por ameaçar testemunhas para combinar versões.
Na Câmara Municipal, a Comissão de Ética está dando prosseguimento à representação contra o vereador. Jairinho pode perder o cargo.
Nesse momento, os membros da comissão estão aguardando a defesa de Jairinho se manifestar. O prazo vence na sexta-feira (21).
O vereador Jairinho e a mãe de Henry, Monique Medeiros, negam responsabilidade na morte do menino.
Confira a íntegra da carta:
“Vaticano, 24 de abril de 2021
Prezada Senhora,
O Santo Padre recebeu a carta, triste e aflita que lhe enviou no dia 14 deste mês de abril, contando nela as horas amargas que vive o povo brasileiro e também a loucura humana que levou ao massacre do pequenito Henry Borel. E, neste momento, seus familiares sentem que precisam de fortalecer a sua fé unindo os seus corações ao coração do Sucessor de Pedro, cuja fé conta com um apoio especial de Jesus (cf. Lc 22, 32) para poder confirmar a fé dos seus irmãos.
Considerando o caso dramático referido na missiva, o Papa Francisco incumbiu-me de assegurar a sua paterna vizinhança e solidariedade ao pai Leniel Borel e à avó Noeme Camargo, confiando-os à proteção da Virgem Maria com os desejos bons que cada um traz no coração: deixem-se reconhecer como amigos de Jesus; a todos chamem amigos e, de todos, sejam amigos. O Santo Padre conta com a senhora Noeme e o senhor Leniel para contrastarem a cultura da indiferença e do ódio que sentem crescer ao seu redor; não se deixem contaminar pelo ódio, transformando-se à sua imagem e semelhança. Sejam do número das pessoas que se recusam a entrar no circuito do ódio, que se recusam a odiar aqueles que lhes fizeram mal, dizendo-lhes: «Não tereis o meu ódio!» Deste modo ajudarão a parar o mal, como fez Abraão quando pediu a Deus para não exterminar os justos com os culpados (cf. Génesis t8, 23-32). Basta-lhes uma só pessoa boa, para não odiarem todas as pessoas. É quase um milagre que uma pessoa ferida, como o senhor Leniel e a senhora Noeme, possa encontrar a coragem de recusar ter ódio e o afastar do seu coração; mas é um milagre que lhe permite viver em paz e ajudar a salvar o mundo de si mesmo. Propiciadora de luz e assistência do Alto para a senhora Noeme e para o senhor Leniel Borel e quantos vivem ao seu redor, o Papa Francisco concede-lhes a Bênção Apostólica.
Valho-me do ensejo para lhe testemunhar meus sentimentos de fraterna estima em Cristo Senhor.
L. Roberto Cona
Mons. Luigi Roberto Cona
Assessor".
Fonte: G1 / Fotos: Metropólis
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