Por Redação
4 de junho de 2021
Libanês, paralisado desde os seis anos de idade, hoje é embaixador para questões ambientais do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas: “Decidi caminhar porque a terra está em uma cadeira de rodas”. Na audiência geral, ele pediu ao Papa uma bênção para seu próximo “desafio”: caminhar 100 km através do Ártico. Francisco: “Reze por mim quando você estiver lá”.
Vatican Media
Quando tinha seis anos de idade Michael ficou com 75% de seu corpo paralisado, mas sua vontade de viver, não, nunca foi paralisada. Michael Haddad, um libanês da região de Monte Líbano, atleta profissional e embaixador da Boa Vontade da ONU para questões ambientais – que se encontrou com o Papa no final da audiência geral de 2 de junho – era apenas uma criança quando um acidente de jet ski lhe causou uma lesão na medula espinhal que o imobilizou do peito para baixo. Desde então, ele perdeu três quartos de suas funções motoras.
“Deficiência é apenas um estado de espírito”
Esse trágico evento, que provavelmente teria lançado qualquer um numa situação de desespero, foi ao invés disso o início de uma nova vida. Ele o descreve assim mesmo. O trabalho foi muito duro, a fadiga imensa, os desafios muitos: a cadeira de rodas como única possibilidade de movimento, as muletas, os primeiros passos incertos. Michael, no entanto, superou todos eles. Graças à medicina e à pesquisa científica, hoje ele é capaz de esquiar e escalar livremente uma montanha, mantendo três recordes mundiais. Graças à sua fé, ele mantém a chama acesa que o leva a ser não apenas um homem sereno (“Deficiência é apenas um estado de espírito” é seu lema), mas também testemunha em numerosas campanhas de conscientização e um exemplo para muitas pessoas na mesma condição.
“Nada é impossível”, disse Michael ao Vatican News. “Como uma pessoa incapaz de andar, levantar-se e sentar-se de forma independente, decidi explorar meu potencial. Descobri que nada é impossível. Isto se deve a duas coisas: fé e determinação. Fé em nosso Criador, fé em nós mesmos. Determinação, na certeza de que dentro de nós há poderes ilimitados para avançar e derrubar todos os muros”.
Caminhando graças a um exoesqueleto
Michael se move graças a um exoesqueleto, especialmente desenvolvido por uma equipe de engenheiros, médicos e pesquisadores, que estabiliza seu tronco, ombros e braços. Assim, ele pode empurrar seu corpo para frente e dar um passo de cada vez. Levantar da cadeira de rodas, especialmente depois de passar muito tempo sentado, custa-lhe esforço, mas Michael não desiste: na Praça São Pedro ele pede para fazer a entrevista durante todo o tempo em pé. “Eu sou forte”, assegura ele. Ele estica primeiro a perna direita, depois a esquerda, depois se levanta e ajusta sua gravata. Sempre sorri, com um rosto que, aos 40 anos, ainda tem características infantis. “Sorrir, isso também é uma missão. É um sintoma da felicidade que levo dentro de mim. Um dos propósitos na vida é ser feliz, Jesus nos disse para transformar o medo em alegria”.
A ajuda da fé
Miguel conta que é cristão, e acredita em Cristo Jesus. Assegura que a fé o ajudou em todas as batalhas. Incluindo a que realiza diariamente e que ele chama de “minha grande missão”, de chamar a atenção do mundo para as questões ambientais. “Decidi caminhar”, explica ele, “porque a terra permanece em uma cadeira de rodas”. Devemos nos unir para salvar a nós mesmos e o planeta. Faço-o sob uma bandeira, a das Nações Unidas, com a qual tentamos fazer esta mudança em todo o mundo. E deve ser feita agora”.
Escalada, esqui, maratonas e agora o Pólo Norte
Michael escalou montanhas e cruzou desertos e também participou de duas maratonas: uma no Cairo, outra em Beirute, sua terra natal, para levantar fundos para a reconstrução do hospital devastado pela explosão no porto em agosto de 2020.
Agora ele tem outra missão: caminhar 100 quilômetros no Pólo Norte. Uma aventura que deveria ter feito em 2020, depois foi cancelada por causa da pandemia. Agora está programada para fevereiro ou março de 2022. “Certamente é um desafio”, diz Haddad. “Viajar 100 quilômetros até o Pólo Norte não é apenas uma mensagem, mas uma contribuição para a ciência”. Trabalho com uma grande equipe científica e tenho sido considerado uma das poucas pessoas no mundo que pode fazer algo assim na minha condição. Portanto, tudo que estamos planejando antes, durante e depois desta caminhada contribuirá para a pesquisa científica para ajudar outras pessoas a caminharem novamente por novos sistemas”.
O encontro com o Papa: “Reze por mim no Pólo Norte”
Na primeira fila da audiência geral no pátio de San Damaso na quarta-feira (02), acompanhado por Theresa Panuccio, representante oficial do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), ele contou seus planos ao Papa e lhe pediu uma bênção para sua missão no Ártico.
“Quando contei minha história ao Santo Padre, ele apoiou sua mão sobre minha cabeça. Eu lhe disse que tentamos levar uma mensagem de humanidade, em favor da terra e do meio ambiente. Ele me abençoou e eu disse: ‘Santo Padre, reze por mim’. Você reze por mim no Pólo Norte”, respondeu-me. Eu não consigo tirar esta frase da minha cabeça. Isso me deu força e muitos pontos de reflexão. Eu me sinto mais comprometido, não mais sozinho, mas junto com o Papa para tentar fazer esta mudança”.
Dois presentes, símbolos do Líbano
Miguel trouxe dois presentes para o Papa: um ramo de cedro, árvore símbolo de sua pátria, o Líbano. “É uma árvore eterna, que é mencionada várias vezes na Bíblia, e é chamada o Cedro de Deus”, explicou. O Papa também foi presenteado com a foto de uma igreja rodeada por uma das florestas de cedro mais antigas. “A madeira daqueles cedros está ligada à terra há dez mil anos. Portanto, há um duplo significado: a história e a estreita conexão do homem com o planeta. Vivíamos nas florestas, é hora de lembrar disso, porque sem um planeta saudável não há uma humanidade saudável. Devemos enviar esta mensagem para o mundo”.
(Com informações de Vatican News)
Fonte: O São Paulo
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