No dia do Sagrado Coração de Jesus, católicos rezam pela santificação dos sacerdotes


(Foto: Luciney Martins)

Por
Fernando Geronazzo
10 de junho de 2021

Na Catedral da Sé, Cardeal Scherer presidirá a Missa do Crisma e da renovação das promessas sacerdotais do clero arquidiocesano

Na sexta-feira, 11, a Igreja celebra a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus e o Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes.

Este ano, o clero da Arquidiocese de São Paulo se reunirá na Catedral da Sé para a Missa do Crisma, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano.

Essa celebração, que tradicionalmente acontece na Quinta-feira Santa, foi adiada devido ao agravamento da pandemia de COVID-19 na capital paulista nos meses de março e abril.

Nessa liturgia, acontecem a bênção dos Santos Óleos utilizados nos ritos dos sacramentos do Batismo e da Unção dos Enfermos, e a Consagração do Óleo do Crisma. Também nessa ocasião, os padres renovam suas promessas sacerdotais diante do Arcebispo.

A celebração será transmitida, ao vivo, a partir das 9h30, pela rádio 9 de Julho, pela Rede Vida e pelas mídias digitais da Arquidiocese.

Guias do rebanho
Cada cristão corresponde ao chamado universal à santidade por meio de sua vocação específica. Os sacerdotes “alcançam a santidade pelo próprio exercício do seu ministério, realizado sincera e infatigavelmente no Espírito de Cristo”, como destaca o Decreto Presbyterorum ordinis, do Concílio Vaticano II.

Uma das “relíquias” do magistério da Igreja sobre esse tema é a Exortação Apostólica Menti nostrae, escrita pelo Papa Pio XII, em 1950, sobre a santidade da vida sacerdotal.

“Guiai o rebanho de Deus, que está entre vós, tende cuidado dele, tornando-vos sinceramente exemplares do rebanho” (1Pd 5,2.3). A partir dessas palavras de São Pedro, o Pontífice afirma que não há como o ministério sacerdotal conseguir plenamente seu fim, “se os sacerdotes não brilham no meio do povo por insigne santidade, como dignos ‘ministros de Cristo’, e fiéis ‘dispensadores dos mistérios de Deus’” (1Cor 4,1).

A exemplo do Senhor
Para isso, o Pontífice recorda que o padre deve ter os olhos fixos em Cristo, seguindo seus ensinamentos e exemplos, na busca de uma vida “cristocêntrica”, “adornado de todas as virtudes, e dar aos outros o exemplo de vida reta”.

A primeira das virtudes que o sacerdote deve imitar do Cristo é a humildade, aprendendo do próprio Mestre a ser “manso e humilde de coração” (cf. Mt 11,29), jamais confiando nas próprias forças, tampouco buscando a estima e os louvores dos seres humanos, pois, como Cristo, não veio “para ser servido, mas para servir” (Mt 20,28). Iluminado pela fé, o presbítero dispõe a alma à imolação da vontade por meio da obediência, a exemplo do Senhor, que foi obediente até a morte de cruz (cf. Fl 2,8).

Sacrifício
“Assim como toda a vida do Salvador foi ordenada para o sacrifício de si mesmo, também a vida do sacerdote deve ser com Ele, por Ele, e Nele um sacrifício aceitável”, acentua o Pontífice, destacando o sacrifício eucarístico como maior expressão dessa entrega.

“O sacerdote, portanto, não somente celebrará a Santa Missa, mas a viverá intimamente; somente assim poderá alcançar aquela força sobrenatural que o transformará e o tornará partícipe da vida de sacrifício do Redentor”, destaca.

Renúncia
O sacerdote também alcança a santidade por meio da renúncia expressa, sobretudo, pelo celibato apostólico, dedicando sua vida inteiramente “às coisas de Deus” (cf. 1Cor 7,32-33).

“Quanto mais refulge a castidade sacerdotal, tanto mais unido se torna o sacerdote com Cristo, ‘hóstia pura, hóstia santa, hóstia imaculada’”, acrescenta, recordando a necessidade da constante vigilância.

Desapego
Na vida sacerdotal, o desprendimento da vontade e de si mesmo deve estar unido ao desapego cotidiano dos bens materiais.

“Tomai como exemplo os grandes santos do passado e dos nossos tempos, os quais, unindo o necessário desprendimento dos bens materiais a uma grandíssima confiança na providência e a um ardentíssimo zelo sacerdotal, realizaram maravilhosas obras, confiando unicamente em Deus, o qual nunca deixa faltar o necessário”, sublinha o Pontífice.

Vida de oração
Se para todo cristão o principal meio de santificação é a oração, para um presbítero isso é imprescindível. Ao orar, o padre não apenas o faz por si, mas por toda a Igreja, corpo de Cristo, especialmente por meio das orações litúrgicas.

Unidos a Cristo, os sacerdotes também não podem deixar de nutrir fervorosa devoção a Nossa Senhora, invocando-a com confiança, sobretudo por meio da meditação dos mistérios do Rosário, que, como lembra Pio XII, “conduz a Jesus por Maria”.

São João Maria Vianney, patrono dos sacerdotes (Reprodução da internet)

Confissão
Aqueles que receberam de Cristo a missão de perdoar os pecados também devem se aproximar com frequência do sacramento da Reconciliação.

“Ainda que ministros de Cristo, somos, contudo, débeis e miseráveis; como poderemos, pois, subir ao altar e tratar os sagrados mistérios, se não nos procuramos purificar o mais frequentemente possível?”, indaga o Santo Padre, que recomenda ainda a prática diária do exame de consciência e a busca frequente da direção espiritual, assim como dos retiros espirituais.

Caridade
Por fim, os sacerdotes se santificam à medida que, a exemplo de Cristo que “passou fazendo o bem e curando a todos” (At 10,38), são “os apóstolos da caridade: devem, portanto, promover as obras de caridade, tanto mais urgentes hoje, que cresceram enormemente as necessidades dos indigentes”.

“A exemplo do divino Mestre, vá o sacerdote ao encontro dos pobres, dos trabalhadores, daqueles todos que se encontram em angústia e miséria… Mas não se descuide tampouco daqueles que, embora ricos de bens de fortuna, são, no entanto, os mais pobres de alma e têm necessidade de ser chamados à renovação espiritual”, alerta o Papa, recordando que, ao realizar a caridade, o sacerdote jamais perca de vista o fim da sua missão: ministro de Jesus Cristo.

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