Pe. Pedro Paulo Alexandre - publicado em 07/11/21
Sacerdote fala sobre os pecados graves (mortais) que mais têm exposto as pessoas a riscos espirituais
O padre Pedro Paulo Alexandre, exorcista da Arquidiocese de Florianópolis, envio-nos algumas palavras sobre a mais recente edição do curso de exorcismo e oração de libertação do qual ele participou em Roma. O sacerdote é membro da Associação Internacional de Exorcistas.
O curso
Neste ano tivemos a XV edição do curso de exorcismo e oração de libertação. É a terceira vez que tenho oportunidade de participar deste curso. Foi um excelente curso. Nesta edição tratamos também pela primeira vez, de forma mais demorada, alguns temas muito solicitados pelos participantes: a presença da Virgem Maria nos exorcismos; o aumento dos ritos mágicos afro-brasileiros; os perigos em torno das constelações familiares; a sujeição diabólica; uma abordagem preventiva e educativa de riscos e perigos no uso da internet, etc.
Importância
Cada vez mais vejo o quanto esse curso é importante e fundamental no processo formativo dos sacerdotes, e dos fieis leigos.
O Concílio Vaticano II nos recordou que: “Um duro combate contra os poderes das trevas atravessa, com efeito, toda a história humana; começou no princípio do mundo e, segundo a palavra do Senhor, durará até o último dia. Inserido nesta luta, o homem deve combater constantemente, se quer ser fiel ao bem, e só com a ajuda de Deus conseguirá realizar a sua própria unidade” (Gaudium et spes, n. 37).
Diversos papas têm nos chamado atenção não só para a existência do demônio, mas sobretudo sobre a ação deste, inimigo das nossas almas, no mundo. Todos nós recordamos da advertência do Papa Francisco, no dia 11 de abril de 2014: “O demônio existe também no Século XXI e nós devemos aprender do Evangelho como lutar contra ele para não cair na armadilha. Não devemos ser ingénuos”.
Papa
O Papa Francisco tem ressaltado bastante o trabalho delicado e árduo dos exorcistas. Em outubro de 2014, no XII Congresso Internacional da Associação Internacional de Exorcistas, ele nos disse: “Os exorcistas manifestam o amor e o acolhimento da Igreja a quantos sofrem por causa da obra do maligno”. Pouco tempo depois, no dia 17 de março de 2017, dirigindo-se aos participantes no XXVIII curso sobre o foro interno organizado pela Penitenciaria Apostólica, ele disse: “Quem se aproxima do confessionário pode encontrar-se em variadas situações: pode ser que sofra de distúrbios espirituais, cuja natureza deve ser submetido a um cuidadoso discernimento… Quando o confessor estiver se aperceber da presença de verdadeiros distúrbios espirituais […] não deverá hesitar em referir-se àqueles que, na diocese, são responsáveis por este ministério tão delicado e tão necessário: os exorcistas”.
Vejo este curso como um sinal da providência de Deus para este tempo de duras provas que estamos vivendo. A Palavra de Deus nos diz que “O Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do demônio” (1Jo 3,8b). Nós, exorcistas, cremos no poder que Nosso Senhor Jesus Cristo conferiu a Sua Santa Igreja. Não temos dúvida que Cristo com seu braço forte e poderoso continuará cuidando, protegendo e guardando os seus até o fim.
Aumento da procura por exorcistas
O Ritual de Exorcismos e outras súplicas na introdução nos adverte que: “[…] dado que a maléfica e adversa ação do Diabo e dos demônios afeta pessoas, coisas e lugares, manifestando-se de diversos modos, a Igreja, sempre consciente de que ‘os dias são maus’ (Ef 5,16), orou e ora para que os homens sejam libertos das ciladas do diabo” (Ritual Romano. Rito dos exorcismos, Proémio). A ação do demônio pode-se dar de duas maneiras: a Ação extraordinária: vexação(ação sobre um ou mais dos sentidos externos – onde a pessoa pode ver coisas, ouvir, sentir…), obsessão (ação sobre os sentidos internos: mente, memória, imaginação…), possessão (ação sobre o corpo e a mente – levando a pessoa a crises e manifestações…), infestação (ação do demônio sobre coisas, lugares, animais…); e a Ação ordinária(tentação – é a ação mais perigosa do demônio).
Ação dos demônios
Infelizmente tem crescido muito os casos de ação extraordinária dos demônios. Isso se deve principalmente ao fato de que muitos cristãos já não viverem mais em estado de graça. A Igreja sempre ensinou, e o demônio sabe muito bem, que se uma pessoa terminar a sua vida neste mundo em pecado mortal terminará no inferno (Catecismo, n. 1035, 1033, 1861). Lamentavelmente, muitos católicos já não se dão conta que nós também devemos e precisamos viver os Cinco Mandamentos da Igreja, pois Nosso Senhor disse aos apóstolos: “Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita” (Lc 10,16a). Papa Francisco, no dia 21 de janeiro de 2014, citando Pio XII, nos dizia: “O maior pecado de hoje é que os homens perderam o sentido do pecado”.
Entre os pecados graves (mortais), que mais tem exposto as pessoas a riscos espirituais, estão as praticas proibidas nas Sagradas Escrituras: Idolatria (falsas doutrinas: seitas, organizações exotéricas, grupos satânicos, etc.); Adivinhação (horóscopo, astrologia, fenômenos de vidência, espiritismo, evocar os mortos, consultar médiuns, cartomantes, leitura de mãos, búzios, ouija, tarô, etc.); Magia (benzedeiros, curandeiros, macumba, feitiçaria, vodú, umbanda, reiki, etc.). É urgente voltarmos a pregar aos fiéis os números 2116 e 2117 do Catecismo da Igreja Católica. Pois como o Pe. José Eduardo, dizia no dia 24 de fevereiro de 2020: “Não existe neutralidade no mundo espiritual: o que não é luz, é trevas!”.
Perigos
No curso deste ano mais uma vez fomos advertidos dos riscos e perigos das práticas ligadas: a New Age, as terapias holísticas, os ritos mágicos afro-brasileiros, as constelações familiares, etc.
Por fim, acho importante e fundamental ressaltar aquela que é a nossa verdadeira missão como exorcistas: “O exorcista é, antes de tudo, um evangelizador e um sacerdote, por que qualquer que seja a origem do mal que aflige aos que se aproximam dele – seja ou não uma forma autêntica de ação extraordinária do demônio – se empenha em inculcar a serenidade, a paz, a confiança em Deus e a esperança em sua graça. E ali onde realmente se estabelece um caso de possessão diabólica, acompanhar aqueles irmãos e irmãs que estão sofrendo por causa do maligno, com humildade, fé e caridade, para apoiá-los na luta, para alentá-los no duro caminho da libertação e para reavivar neles a esperança” (Pe. Francesco Bamonte, exorcista da Diocese de Roma, presidente da Associação Internacional de Exorcistas, 08 de julho de 2014).
Fonte: Aleteia
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