“Eis-me aqui para fazer tua vontade”
4° Domingo do Tempo do Advento – Ano C
Evangelho de Lucas 1,39-45
* 39Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. 40Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! 43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”.
REFLEXÃO:
Somente quem vive mergulhado na esfera amorosa de Deus sente-se impulsionado a servir generosamente seus semelhantes. É o que acontece com Maria de Nazaré. Amada de Deus, com a firme decisão de cumprir a vontade dele, Maria se põe a caminho rumo à casa de Isabel. Para isso, deixa o aconchego de sua família, enfrenta obstáculos, levando no ventre o filho Jesus, obra do Espírito Santo. Isabel também vive uma fase especial: está grávida de João, o precursor do Messias. Trata-se, para ela, de um inesperado presente de Deus, já que é idosa e estéril. Para Deus, contudo, nada é impossível. Imbuídas do Espírito Santo, as duas gestantes expressam exultação, trocam recíprocas gentilezas e bendizem o Senhor Deus, que transforma a vida das pessoas e dinamiza, de modo admirável, a história da salvação.
Oração do Dia
Ó Jesus, bendito fruto do ventre de Maria, dá-nos coração hospitaleiro para te acolher e portas abertas para socorrer a quem necessita de ajuda. Concede-nos, também, a capacidade de sair do nosso acanhado mundo e ir ao encontro dos marginalizados, carentes de pão material e de pão espiritual. Amém.
(Dia a dia com o Evangelho 2021 - Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp e Pe. Nilo Luza, ssp). [1]
“Eis-me aqui para fazer tua vontade”
Na proximidade de Natal, diante dos enfeites de nossas igrejas e nossas casas e diante das vitrines cheias de supérfluos, cabe perguntar para que Jesus veio ao mundo. Ele veio para fazer a vontade de Deus, que é a nossa salvação (2ª leitura).
Ele veio como o messias e libertador anunciado pelos profetas. A 1ª leitura descreve Belém como a cidade onde nasce o rei, descendente de Davi, que será o Salvador do povo. Davi era pastor e rei. Seu descendente, o Messias, será um Davi superior, ou melhor, um Davi mais plenamente consagrado à vontade de Deus: o novo pastor enviado para conduzir o povo pelo caminho de Deus.
Deus elege seu enviado e também a mãe que o dá ao mundo. O mistério da eleição de Deus se realiza no útero de Maria. O evangelho de hoje narra o encontro entre Maria, nos primeiros dias de gravidez, e sua parenta Isabel, já no sexto mês. João Batista, ainda no útero de Isabel, manifesta alegria pela presença do Messias no seio de Maria. Em Maria que visita Isabel Deus visita o seu povo, na figura do Messias que há de nascer.
Ora, que significa, concretamente, a liderança messiânica para a qual Jesus nasceu? Ele veio fazer reinar a justiça e o amor que Deus colocou como fundamentos de seu Reino. Veio ensinar-nos a amar-nos mutuamente, procurando cada um servir a seus irmãos e irmãs, em vez de explorá-los. Jesus não veio exercer as funções dos sacerdotes do Antigo Testamento – oferecer sacrifícios de bois e cordeiros – mas realizar a vontade do Pai, até o dom da própria vida: “Me deste um corpo … Aqui estou … para fazer tua vontade” (2ª leitura). O nascimento de Jesus é o primeiro momento do dom da vida de Jesus. O presépio do nascimento é da mesma madeira que a cruz da Sexta-feira Santa.
A disposição com que Jesus oferece sua vida à vontade do Pai é um exemplo para nós. Só acolheremos Jesus de verdade, se assumirmos sua atitude como programa para a nossa vida. O amor é contagioso. Quem ama, gosta de imitar a quem ama. Nosso cristianismo não é em primeiro lugar uma questão de ritos e práticas devocionais, mas de fazer a vontade do Pai. É antes de tudo adesão ao plano divino de salvação, que as nossas mãos vão pôr em prática. É assumir a justiça, o respeito, a libertação e o amor em atos e de verdade, aquilo que Deus deseja para todos os homens. As práticas devocionais devem ser alimento para a prática de nossa vida no meio da sociedade, e não desculpa e fuga. Não basta entrarmos no templo; devemos dizer: “Eis-me aqui, para fazer tua vontade”.
Se Natal significa acolher Jesus, essa acolhida só será verdadeira se, com ele, repetirmos: “Eis-me aqui”.
PE. JOHAN KONINGS - professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Comentário do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes" [2]
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