Caminho Sinodal Alemão quer mudança no catecismo para aceitar homossexualidade

Imagem referencial / Unsplash

BERLIM, 08 fev. 22 / 03:40 pm (ACI).- Reunião plenária do Caminho Sinodal Alemão aprovou pedido que seja permitida bênção a uniões do mesmo sexo e que haja mudanças no Catecismo da Igreja Católica sobre a homossexualidade.

No sábado, 5 de fevereiro, os bispos e leigos participantes endossaram um documento intitulado "Celebrações de bênçãos para duplas que se amam" com 161 votos a favor, 34 contra e 11 abstenções.

Também endossaram a discussão de um texto sobre a "Reavaliação da homossexualidade no magistério" com 174 votos a favor, 22 contra e 7 abstenções.

O texto diz que “as passagens 2357-2359 e 2396 (sobre homossexualidade e castidade) do Catecismo deveriam ser revisadas” como parte de uma “reavaliação da homossexualidade”.

A votação aconteceu em Frankfurt no último dia da terceira reunião da assembleia sinodal, órgão supremo de decisão do Caminho Sinodal Alemão.

O Caminho Sinodal Alemão é um processo plurianual que reúne bispos e leigos da Alemanha para discutir a forma como o poder é exercido na Igreja, a moralidade sexual, o sacerdócio, e o papel das mulheres na Igreja.

A Assembleia Sinodal é composta pelos bispos, 69 membros do Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK, na sigla em alemão) e representantes de outros setores da Igreja no país.

No primeiro dia do evento, os membros aprovaram um "texto de orientação" que estabelece os fundamentos teológicos do Caminho Sinodal, bem como um documento sobre "o poder e a separação dos poderes na Igreja".

No segundo dia endossaram os textos que pedem a ordenação de sacerdotisas, que o celibato sacerdotal seja opcional na Igreja latina e que os leigos participem da eleição de novos bispos.

No último dia, os participantes aprovaram quatro documentos.

O texto “Declarações magisteriais sobre o amor conjugal” foi aceito por 169 votos a favor, 30 contra e seis abstenções.

O documento, que também pede modificações no Catecismo da Igreja Católica, diz: “Os cônjuges assumem a responsabilidade do momento de se tornarem pais, do número de filhos e dos vários métodos de planejamento familiar. Isso se faz com respeito mútuo e consciência pessoal”.

"Nesse sentido, convém reformar no Catecismo: 2366 e 2367, 2396 (sobre a fecundidade conjugal), 2368-2370, 2399 (sobre a regulamentação da concepção)".

O último texto aprovado em 5 de fevereiro, intitulado "Ordem Básica de Serviço na Igreja", pede a reforma das leis trabalhistas na Igreja Católica na Alemanha, que é o segundo maior empregador depois do Estado alemão. Este documento foi aprovado em sua primeira leitura com 181 votos a favor, 13 contra e 11 abstenções.

O arcebispo Nikola Eterović, núncio apostólico na Alemanha, disse à assembleia no sábado que "o papa frequentemente fala da sinodalidade e dos aspectos positivos associados a ela, mas também incentiva a evitar uma falsa compreensão e erros”.

“Como aspectos característicos da sinodalidade, o bispo de Roma menciona sobretudo: a sinodalidade é um dom do Espírito Santo; é o caminho para uma comunidade eclesial cuja tarefa é a missão, a evangelização do mundo de hoje; a Igreja sinodal exige a participação de todos, embora em níveis diferentes”.

“Ao mesmo tempo, o papa Francisco adverte contra o parlamentarismo, o formalismo, o intelectualismo e o clericalismo”.

A Congregação para a Doutrina da Fé declarou em março de 2021 que a Igreja não tem o poder de abençoar uniões do mesmo sexo, porque não se pode abençoar o pecado.

A declaração da Santa Sé, emitida com o conhecimento prévio do papa Francisco, provocou protestos no mundo católico de língua alemã.

Vários bispos manifestaram apoio às bênçãos para uniões do mesmo sexo, enquanto algumas igrejas levantaram bandeiras do orgulho LGBT e um grupo de mais de 200 teólogos assinou uma declaração criticando a Santa Sé.

Padres e agentes pastorais em toda a Alemanha fizeram um protesto em maio passado com bençãos de uniões do mesmo sexo.

A próxima Assembleia Sinodal será em Frankfurt, de 8 a 10 de setembro. Espera-se que o Caminho Sinodal termine na primavera de 2023, antes do Sínodo sobre a sinodalidade, convocado em Roma para outubro do próximo ano.

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