"Num momento em que a família humana e o planeta estão enfrentando múltiplas ameaças, o diálogo amigável e a estreita colaboração são ainda mais necessários. É nossa tarefa hoje guiar nossos respectivos fiéis a um sentido mais vivo da verdade de que somos todos irmãos e irmãs", disse Francisco durante o encontro com a Delegação Budista da Tailândia, no Vaticano.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (17/06), no Vaticano, a Delegação Budista da Tailândia, composta por trinta e três eminentes monges budistas das escolas Theravada e Mahayana, junto com sessenta budistas leigos e vários representantes da Igreja católica tailandesa.
O objetivo da visita é comemorar o quinquagésimo aniversário do encontro histórico do venerável Somdej Phra Wannarat, "décimo sétimo Patriarca Budista Supremo da Tailândia, com o Papa São Paulo VI em 5 de junho de 1972". "Expresso minha profunda gratidão ao Patriarca Supremo Somdej Phra Sri Ariyavongsagatanana IX e ao Chefe da Sangha Suprema da Tailândia por enviar Somdej Phra MahaTheerajarn e a delegação tailandesa ao Vaticano para renovar nossos laços de amizade e colaboração recíproca", sublinhou Francisco.
Amizade e diálogo fraterno
O Pontífice aproveitou a ocasião, para "renovar os sentimentos expressos pelo Papa Paulo VI quando se encontrou com a Delegação Tailandesa 50 anos atrás: «Temos uma profunda consideração pelos tesouros espirituais, morais e socioculturais que lhe foram doados através de suas preciosas tradições. Reconhecemos os valores dos quais vocês são guardiões e compartilhamos o desejo de que sejam preservados e promovidos. Desejamos um diálogo cada vez mais amigável e uma estreita colaboração entre as tradições que vocês representam e a Igreja Católica»."
Ao longo desses cinquenta anos, vimos um crescimento gradual e constante do "diálogo amigável e da estreita colaboração" entre nossas duas tradições religiosas. Lembro-me da visita da delegação tailandesa em 16 de maio de 2018, com a tradução de um antigo manuscrito budista na língua pali, conservado na Biblioteca Vaticana. Tenho uma lembrança alegre da minha visita ao seu amado país, de 20 a 23 de novembro de 2019, e da hospitalidade e do acolhimento maravilhosos que recebi. Agradeço também sua amizade e diálogo fraterno com os membros do Dicastério para o Diálogo Interreligioso e com a comunidade católica na Tailândia.
Superar o egoísmo que gera conflito e violência
Segundo Francisco, "num momento em que a família humana e o planeta estão enfrentando múltiplas ameaças, o diálogo amigável e a estreita colaboração são ainda mais necessários".
Infelizmente, de todos os lados ouvimos o grito de uma humanidade ferida e de uma Terra dilacerada. Buda e Jesus entenderam a necessidade de superar o egoísmo que gera conflito e violência. O Dhammapada resume os ensinamentos de Buda da seguinte forma: «Evitar o mal, cultivar o bem e purificar a mente. Este é o ensinamento de Buda». Jesus disse aos seus discípulos: «Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros». É nossa tarefa hoje guiar nossos respectivos fiéis a um sentido mais vivo da verdade de que somos todos irmãos e irmãs. E isso significa que devemos trabalhar juntos para cultivar compaixão e hospitalidade para todos os seres humanos, especialmente os pobres e marginalizados.
"Nesse espírito, encorajo seus esforços para aprofundar e ampliar o diálogo e a colaboração com a Igreja católica", disse ainda Francisco, agradecendo novamente o gesto cortês da Delegação Budista da Tailândia de vir ao Vaticano, comemorar o encontro memorável entre seus veneráveis predecessores. Por fim, o Papa recordou a Conferência que se realiza na tarde desta sexta-feira, na Pontifícia Universidade Urbaniana, intitulada Amizade entre budistas e cristãos para uma cultura do encontro, e fez votos de uma boa estada da Delegação Budista da Tailândia, em Roma.
17 junho 2022
Fonte: Vatican News
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