Cardeal Müller afirma que o Caminho Sinodal Alemão já nasceu condenado


Cardeal Gerhard Müller questiona o Caminho Sinodal Alemão

MAREK MALISZEWSKI/REPORTER

Francisco Vêneto - publicado em 04/08/22

"O que eles buscam só gera divisão", lamentou o prefeito emérito da congregação para a Doutrina da Fé

O cardeal Gerhard Müller, prefeito emérito da congregação vaticana para a Doutrina da Fé, afirmou que o controverso Caminho Sinodal Alemão já nasceu “condenado desde o início” e que “os seus iniciadores ainda não perceberam isto”.

A congregação para a Doutrina da Fé é a mesma que foi presidida durante anos pelo cardeal Joseph Ratzinger, até a sua eleição ao pontificado como Papa Bento XVI. O prefeito desse dicastério vaticano, portanto, é uma das máximas autoridades da Igreja no tocante a qualquer assunto de doutrina católica.

Müller, que comentou sobre o Caminho Sinodal Alemão durante uma entrevista à rede católica EWTN, considerou que esse polêmico processo de discussões entre bispos e leigos alemães, iniciado em dezembro de 2019, não reflete de fato a “sinodalidade” nem é propriamente um “caminho”, parecendo-se, em vez disso, com uma “organização política” que se considera “na vanguarda de toda a Igreja”.

De fato, o Caminho Sinodal Alemão pretende discutir assuntos como o exercício do poder e o papel das mulheres na Igreja, mas também adentra em questões doutrinais como a natureza do sacerdócio e a moral sexual, que decorrem do que Cristo estabeleceu e, portanto, não podem ser modificados pela Igreja.

Os participantes dos debates já aprovaram “sugestões” como a de extinguir o celibato obrigatório dos sacerdotes, ordenar mulheres como sacerdotisas, permitir a Comunhão a divorciados em segundas núpcias e até mesmo a não católicos e alterar a moral sexual especialmente no tocante à homossexualidade. Recentemente, a própria co-presidente do Caminho Sinodal Alemão, a leiga Irme Stetter-Karp, chegou a pedir “mais acesso” ao aborto, o que é absolutamente incompatível com a fé católica.

Diante de tantos desvios da doutrina da Igreja, o cardeal Müller afirmou:

“A Revelação é confiada à Igreja para ser fielmente preservada, e não como o Caminho Sinodal quis fazer desde o início, ou seja, como uma assembleia que, de alguma forma, teria o direito e a autoridade de ir além da constituição sacramental da Igreja e reinterpretar a Revelação”.

E concluiu:

“O que eles buscam só gera divisão”.

Müller criticou em especial a recente resposta do Caminho Sinodal Alemão à Santa Sé, que, em 21 de julho, havia declarado, mediante nota, que certos aspectos da iniciativa alemã representam “uma ameaça à unidade da Igreja”. Os dois co-presidentes do Caminho Sinodal, dom Georg Bätzing e Irme Stetter-Karp, retrucaram à nota dizendo-se “irritados” com o modo de comunicação da Santa Sé, que lhes pareceu inadequado.

Para o cardeal Müller, esta resposta do Caminho Sinodal Alemão é “intolerável” e “não tem nada a ver com sinodalidade e colegialidade,nem mostra respeito pelo ministério episcopal”.

Müller também foi enfático ao deplorar a postura de Irme Stetter-Karp em relação ao aborto:

“Quem apoia estes crimes para toda a população não pode ser um reformador da Igreja”.

O cardeal reforçou, finalizando:

“A Igreja não é objeto de nossa reforma. A Igreja foi fundada por Cristo, não pode ser reformada porque é insuperável; nós só podemos trilhar o caminho e esse caminho é o do arrependimento e da renovação. Temos que reformar a nós mesmos e renovar a nós mesmos em Jesus Cristo e assim responder aos desafios de hoje”.

Fonte: Aleteia
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