Apresentação da nova imagem de Benigna Cardoso. À esquerda do quadro, as irmãs de criação de Benigna, Irani e Terezinha Cisnando, e os sobrinhos-netos Claudiana e Gildo da Silva. Diocese de Crato
FORTALEZA, 25 ago. 22 / 10:31 am (ACI).- Uma menina de 13 anos, de pele morena clara, magra, cabelos e olhos castanhos claros, cabelos longos e levemente encaracolados nas pontas. Com uma mão no peito, segura em seus braços lírios e palma, com a outra, aponta para o céu. Essa é a nova representação de Benigna Cardoso da Silva, a “heroína da castidade”, que será beatificada no dia 24 de outubro, em Crato (CE), após a Santa Sé reconhecer o seu martírio.
Benigna Cardoso da Silva nasceu em 15 de outubro de 1928, em Santana do Cariri (CE). Muito religiosa e temente a Deus, foi morta aos 13 anos ao resistir à tentativa de abuso sexual de um rapaz. Logo ficou conhecida como “heroína da castidade”. A menina se tornará a primeira beata nascida no Ceará.
A reconstrução facial e o projeto da estátua de Benigna Cardoso foram apresentados ontem (24) pela diocese de Crato (CE), durante coletiva de imprensa. Os projetos foram desenvolvidos com base em fotografias de familiares da mártir e relatos de pessoas próximas que conviveram com ela. Estiveram presentes na coletiva as irmãs de criação de Benigna, Irani Cisnando e Terezinha Cisnando, e os sobrinhos-netos Claudiana da Silva e Gildo Carlos da Silva.
A reconstrução facial de Benigna Cardoso foi feita pelo designer brasileiro Cícero Moraes, especializado em reconstrução facial forense, projeto e confecção de próteses faciais humanas. O trabalho resultou na confecção da estátua em 3D, realizado pelo Departamento de Tecnologia do Colégio Pequeno Príncipe, de Crato. O artista plástico Joab Rocha foi o responsável por dar cores à nova representação da futura beata
“Esse trabalho corresponde à quarta tentativa de aproximar uma gravura, fotografia, imagem, daquilo que foi um dia o rosto de Benigna”, disse padre Wesley Barros, coordenador da comissão de beatificação da mártir. Segundo ele, foram usadas fotos de um irmão, uma irmã e uma sobrinha de Benigna. “Esses três rostos serviram de ponto de partida para que fossem traçadas algumas linhas e chegássemos a uma reconstituição facial”, afirmou.
Todo o processo durou mais de um mês e os trabalhos foram submetidos à aprovação de familiares da mártir. “Graças a Deus, temos ainda algumas pessoas que a viram e podem nos dar um pouco mais de segurança para além do aparato científico”, disse padre Barros.
Segundo o sacerdote, “agora temos uma referência de posições, movimentos corporais que vão orientando a espiritualidade que vai resultar da contemplação da estátua ou da imagem de Benigna”.
Captura de vídeo
Durante a coletiva, o vigário-geral de Crato, padre José Vicente Pinto de Alencar Silva, apresentou os significados de cada elemento da nova imagem da menina Benigna. “Olhar no horizonte e levemente elevado supõe a firmeza da fé a da esperança de Benigna, que não se deixou levar pelos encantos e prazeres do mundo”, disse.
A mão esquerda repousada sobre o peito indica “sua vida interior marcada pela caridade”. “O seu amor foi regado pela pureza e provado pelo martírio, por isso, nesse mesmo braço foram colocados o lírio e a palma”, disse, ressaltando que o “lírio é símbolo de pureza e da santidade” e a “palma é o símbolo do martírio”.
“O braço direito voltado para o alto e o indicador apontando para o céu fazem referência ao convite que a vida de Benigna e o seu martírio nos fazem para elevarmos os nossos corações ao alto, como nos diz o apóstolo Paulo”, disse padre José Vicente.
O sacerdote destacou ainda que, dos vários golpes que a menina Benigna recebeu em seu martírio, dois foram escolhidos para a imagem. O primeiro aparece no pescoço, “por ter sido o principal”. O segundo está no dedo anular esquerdo, “por ser este dedo o da aliança matrimonial”. Segundo ele, este golpe “foi escolhido para representar as núpcias eternas que a virgem Benigna Cardoso contraiu com o divino esposo, o Senhor Jesus, pela aliança do sangue, resistindo até o fim para não manchar a sua alma e apresentar-se pura diante do Senhor”.
O vestido é vermelho de bolinhas brancas, “profeticamente” trajado pela menina no dia do martírio. “O vermelho lembra o sangue e o branco a santidade de vida”. A estátua ainda aparece com sandálias de couro nos pés, que “fazem referência à simplicidade da vida e do coração de Bengina” e “chamam a atenção para sua prontidão missionária de caminhar na direção de Deus e dos irmãos”.
Na representação, aparece ainda o pote usado para buscar água. O objeto “está em posição em que derrama água, para lembrar que o que bebe da verdadeira água que é Cristo não a retém, mas torna-se como a fonte”. Por fim, “a representação da representação rochosa finaliza a mistagogia da imagem religiosa. Foi sobre uma mina de calcário laminado que Benigna Cardoso sofreu o martírio, banhando-a com seu sangue e oferecendo a vida sobre a rocha firme de sua fé”, disse.
Fonte: ACI digital
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