Santa Marina - Richard de Montbaston, em Jacobus de Voragine, Legenda aurea (tradução de Jean de Vignay), França, Paris, Domínio Público, via Wikimedia Commons
Marina, de vermelho, sendo levada ao mosteiro pelo seu pai, Eugênio. Manuscrito francês do século XIV.
Reportagem local - publicado em 16/09/22
Curta-metragem "São Marino" descontextualiza a vida de Santa Marina, em filme com narração do pe. Júlio Lancellotti
A Arquidiocese de São Paulo emitiu nota, por meio da sua Assessoria de Comunicação, em que desautoriza a deturpação da história de Santa Marina, que foi retratada como “trans” no filme de curta-metragem “São Marino”.
A produção, da cineasta Leide Jacob, teve gravações na igreja de Santa Marina, situada na zona leste da cidade de São Paulo, e conta com a narração do pe. Júlio Lancellotti, pároco de São Miguel Arcanjo, no bairro paulistano da Mooca, e vigário da Pastoral do Povo da Rua de São Paulo.
Segundo o material de divulgação da obra, “o filme promove sensíveis discussões contemporâneas sobre, por exemplo, o respeito ao nome social, ressignificando Santa Marina em São Marino”, mediante “encenações, reflexões e interações de um grupo de pessoas transmasculines” (sic). A descrição do trailer do curta-metragem, divulgado no último dia 11, acrescenta que “a luta contra a transfobia é de todes” (sic).
Ideologia de gênero
Assim como a descontextualização da identidade sexual de Santa Marina é uma deturpação histórica de motivação ideológica, também os termos “todes” e “transmasculines” são exemplos da assim chamada “linguagem neutra”, uma novilíngua que deturpa a gramática da língua portuguesa com base em teses ligadas em menor ou maior grau à ideologia de gênero.
Essa ideologia, por sua vez, é uma bandeira de militâncias políticas de esquerda e, grosso modo, alega que a identidade sexual humana seria uma “construção social” completamente dissociada do sexo biológico.
Atenção: é fundamental não confundir a ideologia de gênero com a simples e necessária conscientização sobre o respeito devido às pessoas homossexuais. O que a ideologia de gênero prega não é cidadania, mas sim mentiras pseudocientíficas que dissociam a biologia e a psicologia de forma radical, podendo provocar tragédias como a que foi detalhadamente documentada no caso dos irmãos gêmeos canadenses Bruce e Brian Reimer, assim como distúrbios sociais como os que são descritos no impactante documentário norueguês “Hjernevask” (“Lavagem Cerebral”). Saiba mais sobre o caso Reimer e sobre o documentário em questão:
Resposta da Arquidiocese de São Paulo
Sem fazer menção ao pe. Júlio Lancellotti, a arquidiocese paulistana desautorizou as tergiversações ideológicas em torno a Santa Marina afirmando explicitamente que “tal narrativa não condiz com a realidade sobre a vida de Santa Marina”. A nota acrescenta:
“A história dos santos católicos deve ser melhor conhecida e não pode ser interpretada à luz de ideologias que em nada correspondem com o contexto em que viveram, tampouco com os valores e virtudes por eles testemunhados ao longo de suas vidas”.
A nota resume a história de Santa Marina:
“Santa Marina era uma jovem órfã de mãe que, para continuar a viver com o pai, que decidiu ingressar em um mosteiro, disfarçou-se de monge e consagrou sua virgindade a Deus. No mosteiro, progrediu nas virtudes, na vida de oração, penitência e caridade (…)
Um grande exemplo de sua alma virtuosa é percebido quando a santa foi falsamente acusada de ter engravidado uma jovem. Podendo defender-se, revelando que, na verdade, era uma mulher, ela silenciou, suportando a provação da calúnia e humilhações, unindo-as aos sofrimentos de Cristo”.
A verdade sobre o sexo feminino de Santa Marina só foi descoberta após a sua morte. Ao canonizá-la, a Igreja a reconheceu como a mulher que de fato era e não como o suposto monge de que ela havia se disfarçado.
É relevante propor a discussão da perspectiva contrária: quais poderiam ser as proporções da grita ideológica se a Igreja Católica tivesse canonizado uma mulher como se fosse homem?
Fonte: Aleteia
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