Autoridades retiram capela católica do principal aeroporto da Colômbia

Capela do principal aeroporto da Colômbia é fechada

Francisco Vêneto - publicado em 30/08/22

Ações ideológicas marcam semanas iniciais do primeiro governo de esquerda no país

Autoridades determinaram a retirada da capela católica instalada havia anos no principal aeroporto da Colômbia, o Eldorado, em Bogotá. Administrada pela arquidiocese da capital colombiana, a pequena capela tinha uma imagem de Nossa Senhora de Loreto, padroeira dos aviadores, e contava com o privilégio da exposição do Santíssimo Sacramento a quem desejasse adorá-lo.

As autoridades em questão são da prefeitura de Bogotá, cuja secretaria de governo solicitou a retirada da capela à OPAIN, empresa privada que detém a concessão para administrar o aeroporto.

A OPAIN, por sua vez, informou em comunicado que a retirada da capela teria sido executada com a permissão da arquidiocese de Bogotá, mas o bispo de Fontibón, dom Juan Vicente Córdoba, negou esta versão e denunciou que a decisão final foi da própria OPAIN, sem diálogo com a Igreja:

“A OPAIN poderia ter nos deixado ficar. A OPAIN é uma instituição privada que administra o aeroporto e tem autonomia para dizer sim ou não. Foi a OPAIN que acabou retirando a Igreja Católica. Nós saímos porque nos mandaram sair. Não quiseram dialogar. Tivemos uma reunião que foi apenas para nos notificar – e continuaram notificando para que saíssemos. Não houve diálogo. O contrato dizia até 2037. Como eles são autônomos, podem suspendê-lo, mas também poderiam ter nos deixado ficar. Foi a OPAIN que nos tirou de lá. Foi a secretaria de governo da prefeitura que pediu para nos tirar. Ambos têm a ver com a saída da Igreja Católica do aeroporto, mas a OPAIN e sua diretoria poderiam ter nos deixado ficar”.

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Segundo a Prefeitura de Bogotá e a OPAIN, a capela católica será transformada em espaço ecumênico.

A Igreja Católica não faz oposição alguma à criação de um espaço ecumênico no aeroporto, mas questiona que, para isto, seja retirada unilateralmente a capela católica já presente no local e aberta a todos. De fato, há uma diferença que deveria ser autoexplicativa entre ampliar direitos de uma parcela da população e retirar direitos da maioria da população em nome de uma suposta não-discriminação.

O próprio conceito de laicidade do Estado é tergiversado nesse tipo de caso: um Estado é laico quando respeita igualmente todas as religiões em conformidade com a constituição e a legislação, e não quando restringe uma religião alegando a não-discriminação das outras.

Dom Juan Vicente Córdoba enfatiza sobre o fechamento da capela católica no principal aeroporto da Colômbia:

“Nós denunciamos isso porque eles não nos permitem evangelizar e atender as pessoas que querem se aproximar da paz de Deus em um aeroporto e agora não podem fazê-lo porque há quem diga não. Aqueles que disseram não têm de prestar contas a Deus”.

A senadora católica María del Rosario Guerra também denunciou via rede social:

“A prefeita Claudia López persegue a Igreja Católica e seus fiéis e restringe a liberdade religiosa com sua exigência de que o aeroporto Eldorado remova a capela católica que há muitos anos está lá. Que precedente ruim”.

A prefeita, no entanto, respondeu alegando que a decisão foi autônoma da administração do aeroporto.

Ações ideológicas têm marcado as semanas iniciais do primeiro governo de esquerda no país. Uma delas, realizada menos de 30 dias após a posse do presidente Gustavo Petro, foi a retirada da Colômbia do Consenso de Genebra, um compromisso pró-vida que o país tinha assumido havia meros três meses, em maio deste ano.

Fonte: Aleteia
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