Primeira mulher preside assembleia e sínodo “prepara o terreno para mudanças futuras” no papel das mulheres
Irmã María de los Dolores Palencia Gómez
Irmã María de los Dolores Palencia Gómez, superiora geral da congregação de São José de Lyon, fala aos jornalistas durante uma coletiva de imprensa para o Sínodo sobre Sinodalidade no Vaticano em 14 de outubro de 2023. | Captura de vídeo
Por Jonathan Liedl
VATICANO, 16 de out de 2023 às 16:26
A primeira mulher a presidir um sínodo dos bispos descreveu a experiência de sentar-se com o papa Francisco na mesa principal como “um presente e uma graça” – e um sinal do que está por vir na Igreja Católica.
Ao falar em coletiva de imprensa no sábado (14), a irmã Maria de los Dolores Valencia Gomez, da congregação das irmãs de São José, descreveu a participação das mulheres no Sínodo da Sinodalidade em curso como “preparar o terreno para mudanças futuras”.
“Sinto que este é um processo gradual”, disse Gomez, que é mexicana. “Aos poucos, veremos mudanças”.
O Sínodo da Sinodalidade, que acontece entre 4 e 29 de outubro, é uma assembleia destinada a aconselhar o papa Francisco sobre como a Igreja Católica pode incorporar mais plenamente todos os seus membros. A assembleia inclui 54 mulheres entre os seus 365 delegados, a primeira vez que as mulheres votam em um sínodo dos bispos.
Gomez liderou a assembleia do Sínodo da Sinodalidade na sexta-feira (13) na qualidade de uma dos 10 presidentes-delegados do papa Francisco. Ela descreveu a experiência de sentar-se com o papa “como um símbolo desta abertura, deste desejo que a Igreja tem… de algo que coloque todos nós no mesmo nível”.
Significativamente, o papel de presidente da irmã mexicana surgiu quando a assembleia sinodal começou o seu trabalho sobre o tema da “corresponsabilidade na missão”, que inclui um foco no papel das mulheres na Igreja. Uma das questões em consideração nesta fase do sínodo é a possibilidade de admitir mulheres ao diaconato.
Afirmando os ensinamentos anteriores da Igreja, o papa Francisco disse repetidamente que a Igreja não tem capacidade para ordenar mulheres sacramentalmente. Ao mesmo tempo, o papa rompeu com precedentes ao atribuir às mulheres cargos de governo na Igreja, inclusive na Santa Sé.
Gomez descreveu o envolvimento das mulheres no sínodo como um novo “modus vivendi” para a Igreja, “um modo de vida para sempre, caminhando juntos com um diálogo permanente e contínuo”.
A freira mexicana não abordou diretamente a questão das mulheres no diaconato durante a coletiva de imprensa, mas outro membro do sínodo o fez.
O abade Mauro-Giuseppe Lepori, chefe da Ordem Cisterciense, partilhou que embora o sínodo esteja discutindo a possibilidade de admitir mulheres ao diaconato, o tema não está “dominando” a discussão.
Em vez disso, o cisterciense disse que o foco na sua mesa tem sido o tema mais profundo de como a Igreja pode “reconhecer melhor a dignidade batismal das mulheres”.
Lepori disse que a questão das diaconisas precisa ser abordada “a partir da consciência do que é a Igreja e da consciência das vocações de homens e mulheres na Igreja”.
“A tentação é ser superficial demais, em termos de slogans ou grupos que afirmam isto ou aquilo. Isso é algo que não vejo no Sínodo”, disse.
No entanto, Lepori também não expressou a sua opinião sobre a possibilidade de abrir o diaconato às mulheres, nem disse o que espera que resulte desta questão no sínodo.
“O importante não é pensarmos tanto em reivindicações específicas, mas buscarmos o que é bom para a Igreja e para a sua missão na humanidade e, sem dúvida, o tema da mulher e do seu papel na Igreja é essencial. Mas não posso dizer o que isso vai trazer”, disse Lepori.
Fonte: ACI digital
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