Cardeal Robert Sarah. | ACI África.
Por Redação central
27 de fev de 2024 às 11:28
O prefeito emérito do Dicastério para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, cardeal Robert Sarah, disse que a desunião entre os cristãos é contraproducente para a missão de testemunhar a mensagem do Evangelho e a evangelização.
Sarah, que foi prefeito da então Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos de 2014 a 2021, advertiu que as divisões entre os cristãos os expõem à “exploração”, no discurso principal no Simpósio Teológico de 2024 organizado pela escola de teologia do Tangaza University College (TUC, na sigla em inglês), em Nairóbi, Quênia.
“Se não formos um, se estivermos divididos, então o nosso testemunho de Cristo estará dividido e o mundo não acreditará no Evangelho”, disse Sarah na quinta-feira (22), primeiro dia do evento de dois dias.
O cardeal exortou os seguidores de Jesus Cristo na África a priorizarem a sua adesão à mensagem do Evangelho, permitindo que os princípios da fé cristã superem todas as outras identidades, incluindo de tribo, nacionalidade e raça, entre outras afiliações.
“Busquem a unidade primeiro na fé cristã e depois com os nossos compatriotas e vizinhos africanos”, disse o cardeal no seu discurso intitulado “Fazer Discípulos de todas as Nações: O Mandato Missionário de Cristo”.
Para enfatizar a necessidade de unidade entre os seguidores de Jesus Cristo, o cardeal alertou que as divisões deixam os cristãos “vulneráveis à exploração”.
“Se não lutarmos pela unidade em Cristo, ficaremos ainda pior. As divisões entre nós – religiosas, étnicas e políticas – são vulneráveis à exploração; elas podem ser exploradas por políticos corruptos ou mesmo por potências estrangeiras”, disse.
Sarah já expressou anteriormente sua oposição a Fiducia Supplicans , declaração do Dicastério para a Doutrina da Fé da Santa Sé que provocou reações mistas e profundas divisões entre o povo de Deus em geral e os bispos católicos de todo o mundo em particular desde o seu lançamento em 18 de dezembro de 2023.
Em uma reflexão de 6 de janeiro divulgada no blog italiano Settimo Cielo, Sarah manteve sua postura anterior de não se opor ao papa.
“Não nos opomos ao papa Francisco, mas opomo-nos firme e radicalmente a uma heresia que mina gravemente a Igreja, o corpo de Cristo”, disse, esclarecendo a sua oposição às recomendações de Fiducia Supplicans, que permite que membros do clero abençoem “uniões homossexuais” e casais em outras “situações irregulares”.
As pessoas que praticam atos homossexuais estão “na prisão” do pecado e precisam da verdade da “palavra de Deus” para serem libertadas, disse o cardeal, acrescentando: “A verdade é a primeira das misericórdias que Jesus oferece ao pecador”.
“A liberdade que devemos oferecer às pessoas que vivem em uniões homossexuais reside na verdade da palavra de Deus”, disse. “Como poderíamos ousar fazê-los acreditar que seria bom e desejado por Deus que permanecessem na prisão do seu pecado?”.
A falta de clareza da declaração do Dicastério para a Doutrina da Fé “apenas ampliou a confusão que reina nos corações, e alguns até a aproveitaram para apoiar a sua tentativa de manipulação”, escreveu Sarah em sua reflexão de 6 de janeiro, referindo-se às divisões causadas pelas recomendações de Fiducia Supplicans.
Em seu discurso de 22 de fevereiro no Quênia, Sarah associou a unidade dos discípulos de Jesus Cristo ao progresso. “Somente juntos podemos prosperar”, disse.
Segundo Sarah, os desafios que dificultam a missão de testemunhar a mensagem do Evangelho e o ministério da evangelização podem ser enfrentados “voltando-se para Deus em oração e jejum”.
“Ao voltar-nos para o Senhor em oração e jejum, desta forma, Deus nos eleva. Ele nos liberta do egoísmo e da estreiteza e se revela a nós de uma forma ou de outra. Ele nos disciplina, por isso não permitimos que pequenas diferenças nos impeçam de trabalhar juntos de todas as formas permitidas”, disse.
O cardeal enfatizou ainda a necessidade de combinar a oração e o jejum, dois dos três pilares do tempo quaresmal, ao lado da caridade através da esmola.
“A evangelização deve envolver oração e jejum juntos, mesmo com aqueles de outras tradições religiosas, em resposta aos males que reconhecemos juntos. Ao orar e jejuar, os obstáculos à evangelização serão superados”, disse Sarah.
Fonte: ACI digital
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