Morre o pastor para que vivam as ovelhas - 4° Domingo da Páscoa (Ano B )


Morre o pastor para que vivam 
as ovelhas

4° Domingo da Páscoa – 
Ano B

Evangelho de João 10,11-18

* Naquele tempo, disse Jesus: 11“Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. 12O mercenário, que não é pastor e não é dono das ovelhas, vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e dispersa. 13Pois ele é apenas um mercenário e não se importa com as ovelhas. 14Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, 15assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas. 16Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor. 17É por isto que o Pai me ama, porque dou a minha vida para depois recebê-la novamente. 18Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo; tenho poder de entregá-la e tenho poder de recebê-la novamente; essa é a ordem que recebi do meu Pai”.


REFLEXÃO:

No Evangelho deste domingo, Jesus se apresenta como o bom pastor. Ora, se há o bom pastor, é sinal de que pode haver também o mau pastor. Quem é o bom e quem é o mau pastor? Jesus se diz bom pastor, porque conhece seu povo e o povo o conhece. Conhecer, em sentido bíblico, é ter consciência que cria comunhão de vida, relação pessoal de amor e amizade. Conhecer de verdade as pessoas implica disposição a pagar o preço de se colocar ao lado delas. Jesus é o bom pastor, porque dá a vida para que as pessoas a tenham em plenitude. Toda a prática de Jesus foi a favor da vida do mais necessitado. Quem ama de verdade é capaz de se doar pela vida do amado e não foge diante do perigo. Jesus é o bom pastor, porque se preocupa com todos, e não apenas com um pequeno grupo. Jesus não é exclusividade de um único povo. Sua proposta de vida é para todas as pessoas e para todos os povos. Infelizmente, existem também maus pastores. São os mercenários que se preocupam consigo mesmos; não têm interesse pela vida do povo. O mercenário instrumentaliza as pessoas para seu próprio fim, porque só vê e valoriza as pessoas enquanto lhe são “úteis”.

(Dia a dia com o Evangelho 2024)[1]

Oração do Dia

Deus eterno e todo-poderoso, conduzi-nos à comunhão das alegrias celestes, para que a fragilidade do rebanho chegue onde a precedeu a fortaleza do pastor, Jesus Cristo. Ele, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

Morre o pastor para que vivam as ovelhas

No trecho que lemos hoje, Jesus faz uma distinção entre empregado (mercenário) e dono no pastoreio das ovelhas. Não é preciso nenhuma explicação. O povo tem um provérbio que diz bem: “Olho de patrão engorda cavalo”. Jesus terá pelas criaturas humanas o cuidado de quem trata delas com muito amor e como ‘coisa sua’ (Jo 18,9).

A profissão de pastor ocorre na Bíblia desde as primeiras páginas (Abel era pastor: Gn 4,2). Todos os Patriarcas antigos (Abraão, Isaac e Jacó) eram nômades, criadores de cabras e ovelhas. Numa terra ingrata, semidesértica, não era fácil encontrar pasto e água em todas as estações do ano. Por isso os pastores saíam para longe, como lemos dos filhos de Jacó (Gn 37,12-17). À noite procuravam juntar vários rebanhos, e os pastores revezavam-se na guarda contra ladrões e lobos famintos (Lc 2,8). Era nessa guarda noturna, sobretudo, que se provava a honestidade e o bom pastoreio (1 Sm 17,34-36). O empregado, que trabalhava assalariado, muitas vezes, preferia fugir a enfrentar os ladrões ou os animais ferozes.

Jesus declara-se bom pastor; com coragem lutará por suas ovelhas, para que nenhuma seja roubada ou se perca ou morra. Pelas ovelhas de todos os tempos e de todos os lugares enfrentará a morte. Morrerá por elas, mas retomará a vida para que todas possam retornar sãs e salvas à Casa do Pai. Perder-se-ão as que forem surdas à sua voz. De novo os verbos escutar, ouvir, que em João significam vivenciar, pôr em prática.

FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFM, entrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.[2]

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