A homilia não deve durar mais de oito minutos, papa Francisco aconselha padres

Papa Francisco na audiência geral de hoje (12) na praça de São Pedro, no Vaticano. | Daniel Ibáñez/ EWTN News

Por Almudena Martínez-Bordiú

12 de jun de 2024 às 10:09

O papa Francisco aconselhou os sacerdotes a fazerem homilias que não durem mais de oito minutos, e que contenham “uma imagem, um pensamento e um sentimento”, para que possam “transferir a Palavra de Deus do livro para a vida”.

Ao dar continuidade ao ciclo de catequeses sobre “O Espírito e a esposa”, na audiência geral de hoje (12), o papa destacou que “a Sagrada Escritura é testemunho inspirado por Deus e fidedigno”, e pelo Espírito Santo, que se traduz na “inspiração divina da Bíblia”.

“O Espírito Santo, que inspirou as Escrituras, é também Aquele que as explica e as torna perenemente vivas e ativas”, disse o papa. 

“Com efeito, pode acontecer que um determinado trecho da Escritura, que lemos muitas vezes sem qualquer emoção particular, um dia o leiamos num clima de fé e oração, e que, repentinamente, aquele texto se ilumine, nos fale, lance luz sobre um problema que vivemos, tornando clara a vontade de Deus para nós numa certa situação”, disse o papa.

“A que se deve esta mudança, a não ser a uma iluminação do Espírito Santo? As palavras da Escritura, sob a ação do Espírito, tornam-se luminosas”, acrescentou.

Francisco disse que “a Igreja alimenta-se da leitura espiritual da Sagrada Escritura, isto é, da leitura feita sob a orientação do Espírito Santo que a inspirou”.

“No seu centro, como farol que tudo ilumina, está o evento da morte e ressurreição de Cristo, que cumpre o desígnio da salvação, realiza todas as figuras e profecias, revela todos os mistérios escondidos, oferecendo a verdadeira chave de leitura de toda a Bíblia. A morte e a ressurreição de Cristo são o farol que ilumina toda a Bíblia, mas também a nossa vida”, disse Francisco.

Um Evangelho de bolso, conselho do papa Francisco para a “leitura espiritual”

“A Igreja, Esposa de Cristo, é intérprete fidedigna do texto inspirado da Escritura, a Igreja é medianeira da sua proclamação autêntica. Dado que a Igreja é dotada do Espírito Santo - por isso é intérprete - é ‘coluna e sustentáculo da verdade’”, disse o papa.

Francisco também disse que “a tarefa da Igreja consiste em ajudar os fiéis e quantos procuram a verdade a interpretar corretamente os textos bíblicos”.

Segundo o papa, “um modo de fazer a leitura espiritual da Palavra de Deus chama-se lectio divina” que “consiste em dedicar um momento do dia à leitura pessoal e meditativa de uma passagem da Escritura”.

“E isto é muito importante: todos os dias reservar um tempo para escutar, para meditar, lendo um trecho da Escritura. E por isso recomendo: tende sempre um Evangelho de bolso e levai-o na bolsa, no bolso... Assim, quando viajardes ou quando tiverdes um pouco de tempo livre, lede-o... Isto é muito importante para a vida! Pegai num Evangelho de bolso e, durante o dia, lede-o uma, duas vezes, quando for preciso”, aconselhou o papa.

“A homilia não deve durar mais de oito minutos”
O papa Francisco falou sobre a “a leitura espiritual da Escritura por excelência”, que é feita na missa, ou seja, na homilia.

Para que a homilia ajude a “a transferir a Palavra de Deus do livro para a vida”, o papa aconselhou especialmente “aos sacerdotes, que tantas vezes falam muito, e não se entende o que dizem”, a fazerem uma homilia breve e concreta.

“A homilia não deve durar mais de oito minutos, porque depois, com o tempo, perde-se a atenção e as pessoas adormecem, e com razão. A homilia deve ser assim. E é isto que quero dizer aos sacerdotes, que tantas vezes falam muito, e não se entende o que dizem. Homilia breve: um pensamento, um sentimento e uma pista para a ação, para o modo de agir. Não mais de oito minutos. Pois a homilia deve ajudar a transferir a Palavra de Deus do livro para a vida”, enfatizou Francisco.

“E entre as numerosas palavras de Deus que ouvimos todos os dias na missa ou na liturgia das horas, há sempre uma destinada em particular a nós. Algo que toca o coração”, reiterou o papa.

“Acolhida no coração, pode iluminar o nosso dia, animar a nossa oração. Trata-se de não a deixar cair no vazio", acrescentou o papa.

Por fim, Francisco encorajou os fiéis a serem constantes na leitura da Bíblia, o que nos permite aproximar-nos do Espírito Santo.

“O Espírito Santo, que inspirou as Escrituras e agora emana das Escrituras, nos ajude a sentir este amor de Deus nas situações concretas da vida”, concluiu Francisco.

Ao concluir a sua catequese, durante a saudação aos fiéis de língua italiana, o papa pediu, como faz de forma habitual, o fim das guerras no mundo, especialmente nas martirizadas Ucrânia, Palestina, Israel e Mianmar.

“Rezemos pela paz, hoje a paz é necessária. A guerra é sempre, desde o primeiro dia, uma derrota. Que o Senhor nos dê a força para lutar sempre pela paz”, exortou o papa Francisco.

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