A velhice não é uma fraqueza, diz arcebispo sobre 4ª Jornada Mundial dos Avós e das Pessoas Idosas em Aparecida

Dom Peruzzo e o arcebispo emérito de Curitiba, dom Pedro Fedalto

O arcebispo emérito de Curitiba, dom Pedro Fedalto completou 70 anos de sacerdócio em 2023 e concelebrou a missa de São José com dom Peruzzo um dia depois de receber alta do hospital | Instagram/Arquidiocese de Curitiba

Por Monasa Narjara

26 de jul de 2024 às 16:19

A Pastoral da Pessoa Idosa (PPI) Nacional, organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza a 4ª Jornada Mundial dos Avós e das Pessoas Idosas com uma missa às 8h, no Santuário Nacional de Aparecida, em Aparecida (SP), celebrada pelo arcebispo de Curitiba (PR), dom José Antonio Peruzzo, presidente da PPI no domingo 28 de julho para comemorar o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos.

“A velhice não é uma fraqueza”, disse dom Peruzzo à ACI Digital. “É uma forma de sabedoria possível para quem consegue ao longo dos anos, perceber a realidade da vida, como vencer seus limites e ao mesmo tempo como sonhar com um futuro que seja rico de promessas. E aí, entra a fé e o lugar de Deus. Aquele Deus revelado por Jesus Cristo, que confere sentido até à morte. Se não, a velhice é apenas um anúncio do fim”.

Em um vídeo de divulgação da 4ª Jornada Mundial dos Avós e das Pessoas Idosas, dom Peruzzo ressaltou que esta data “tem uma relevância eclesial muito grande” e por isso, todos são chamados “a tomar consciência, quer da grandeza desta causa e também da nobreza do nosso futuro”, visto que, “falar da velhice é falar do futuro”.

“Quase sempre associamos o futuro com os jovens, mas os tempos mostram sua veracidade e seu caminho irrefreável”, disse o arcebispo. “Quem tem atenção com os idosos e apreço e encanto saberá conferir sentido à própria juventude. Quem ignora os idosos está a ferir o seu próprio futuro”.

Para ele, a celebração com os avós e idosos não é “algo somente para a pastoral da pessoa idosa”, mas todos são chamados a “pensar sobre o sentido da velhice” e convidou aos fiéis a cuidarem “dos idosos hoje, para que no futuro, haja quem saiba compreender a nossa realidade mais segura”, visto que “vamos envelhecer. Esperamos isso, inclusive. Mas com sentido. De outro modo, seria um vazio ameaçador”.

O Dia Mundial dos Avós e dos Idosos foi instituído pelo papa Francisco ao final da oração do Ângelus do dia 31 de janeiro de 2021 e sua celebração ocorre anualmente no quarto domingo de julho, perto da festa dos santos Joaquim e Ana, os avós de Jesus, que se celebra no dia 26 de julho.

Francisco escolheu para este quarto ano o tema: "Na velhice não me abandones” (71,9). Deus nunca abandona os seus filhos; nem sequer quando a idade vai avançada e as forças já declinam, quando os cabelos ficam brancos e a função social diminui, quando a vida se torna menos produtiva e corre o risco de parecer inútil”, disse o papa na mensagem para o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos. “Não deixemos de mostrar a nossa ternura aos avós e aos idosos das nossas famílias”.

Em abril, o papa disse durante um evento com idosos, avós e netos da Itália que os "idosos não devem ser deixados sozinhos, mas viver em família". Dom Peruzzo contou a ACI Digital estudou na Europa e pôde ver “muitos idosos estão imersos na solidão”. Para ele, isto também está acontecendo “aqui no Brasil, nas grandes cidades, especialmente naquelas áreas históricas”.

“É incrível os habitantes desses apartamentos são quase sempre idosos, os filhos cresceram, foram para os seus bairros, construíram suas famílias e os idosos estão mergulhados em situações dramáticas de solidão e de depressão”, disse o arcebispo. “Mas não é só nos centros das grandes cidades, também nos bairros e também no interior, quando tudo está associado a produtividade, a resultados, a competitividade o idoso perde as forças e se interpretarmos a realidade partindo desses princípios, e o mundo e nosso tempo, nossa cultura, nossa realidade está descartando pessoas”.

“Não é apenas a questão física ou psicológica”, pontuou dom Peruzzo, é ”a falta de amor, de convívio, de comunhão, de ter alegria de viver, de poder promover relacionamentos, mergulharem em atmosferas de gratuidade e também não é só porque não podem oferecer, tem muito a oferecer daquele tipo de sabedoria que confere sentido à vida”.

“O tema da dignidade inviolável da pessoa humana é uma herança do cristianismo para o mundo ocidental e um sinal angustiante, qualquer um que prepare a sua velhice ou quem tem a idosos em sua casa”, disse dom Peruzzo.

“Daí a urgência de quem crê na dignidade da vida, oferecer as melhores forças de sua criatividade e recursos para que o idoso vizinho, o seu idoso mais próximo, talvez da sua família tenha carinho e cuidados por ele porque ele é o melhor retrato do futuro de cada um”, disse o arcebispo.

Para dom Peruzzo, “mas não bastam apenas cálculos e avaliações de tipo socioeconômico, de tipo sociológico ou de qualquer outra ordem. É preciso olhar o outro a partir da dor do outro. O nome disso é misericórdia e aqui entramos na melhor linguagem da misericórdia, que é a do Senhor Jesus”.

Fonte: ACI digital 
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