De Cristo vem cristão
14° Domingo do Tempo Comum –
Ano B
Evangelho de Marcos 6,1-6
* Naquele tempo, 1Jesus foi a Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. 2Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam admirados e diziam: “De onde recebeu ele tudo isso? Como conseguiu tanta sabedoria? E esses grandes milagres que são realizados por suas mãos? 3Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?” E ficaram escandalizados por causa dele. 4Jesus lhes dizia: “Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares”. 5E ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. 6E admirou-se com a falta de fé deles. Jesus percorria os povoados das redondezas, ensinando.
REFLEXÃO:
Jesus se encontra na sinagoga de Nazaré e, sempre bem-disposto, aí começa a ensinar. Essa sua atitude, provavelmente, incomoda os fariseus e doutores da Lei, porque, em geral, eles é que tomam a palavra para explicar as Escrituras. As pessoas simples, porém, escutam os ensinamentos de Jesus e ficam maravilhadas, pois ele demonstra sabedoria, e suas palavras são acompanhadas por milagres. A admiração dura pouco; logo cede lugar à incredulidade. Jesus é muito humano, próximo, de origem simples. Essa imagem não condiz com a grandiosidade do Messias que esperavam! Não conseguem perceber que Jesus, o Filho de Deus, aí está para cumprir a vontade do seu Pai celeste. Permanecem fechados à sua mensagem, de tal modo que ele “não conseguia fazer aí nenhum milagre. Curou apenas alguns doentes”.
(Dia a dia com o Evangelho 2024)[1]
Oração do Dia
Ó Deus, pela humilhação do vosso Filho reerguestes o mundo decaído, dai-nos uma santa alegria, para que, livres da servidão do pecado, cheguemos à felicidade eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
De Cristo vem cristão
Em dado momento de sua vida pública, Jesus retorna à Nazaré, sua terra. Embora tenha nascido em Belém, na Judeia, passou a maior parte de sua vida em Nazaré da Galileia. Quando Jesus entrou triunfalmente em Jerusalém, a multidão respondia aos estrangeiros, que perguntavam quem era aquele homem aclamado: “É o profeta Jesus, de Nazaré da Galileia” (Mt 21,10-11). Condenado à morte, Pilatos mandou colocar no alto da cruz, em latim, grego e aramaico: “Jesus Nazareno, rei dos Judeus” (Jo 19,19-20). Quando, depois de Pentecostes, Pedro curou um paralítico, ele o fez em nome de Jesus Cristo Nazareno (At 3,6).
Apóstolos, povo e autoridades sabiam que Jesus era de Nazaré, aldeia sem nenhuma importância antes da morte de Jesus. O nome da cidade não ocorre em nenhuma passagem do Antigo Testamento. Tudo indica, porém, que era uma vila sacerdotal, isto é, habitada, sobretudo, por sacerdotes. No tempo de Jesus era um lugarejo pobre, onde se cultivavam trigo, linho, vinhedos, olivais e árvores frutíferas, como a figueira. Maria vivia em Nazaré antes do nascimento de Jesus (Lc 1,26), enquanto José era originário da região de Belém (Mt 2,1-11). Só depois da volta do Egito (Mt 2,19-23), eles se fixaram, como família, em Nazaré. Como se sabe, José era carpinteiro de profissão e ensinou essa profissão a Jesus. Não lhes faltava trabalho, mesmo porque, em tempos de Jesus ado- lescente, construiu-se a cidade de Séfforis, capital da região, a apenas cinco quilômetros ao norte de Nazaré. Tudo indica que a parentela de Jesus e os habitantes de Nazaré eram acomodados, , por medo dos romanos. Pprovavelmenteor isso não aplaudiam a fama de seu conterrâneo nem se orgulhavam muito dele. O Evangelho de hoje o mostra bem. Noutra ocasião, os parentes quiseram “agarrá-lo, pois diziam: Ele está louco!” (Mc 3,21).
Os primeiros discípulos eram chamados ‘nazarenos’, por causa de Jesus (At 24,5). Só mais tarde, mas ainda em tempos dos Apóstolos, foram chamados de ‘cristãos’, nome evidentemente derivado de Cristo, que quer dizer ‘ungido’. Segundo At 11,26, o nome surgiu em Antioquia, por volta do ano 43. O apelido que se tornou glorioso e universal – provavelmente foi dado pelos juízes romanos, que tiveram de resolver muitas questiúnculas levantadas pelos judeus contra os seguidores de Cristo. O nome ocorre ainda em At 26,28 e na primeira Carta de Pedro (1Pd 4,16).
FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFM, entrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.[2]
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